"A riqueza de materiais,cores e adornos é evidente nas práticas e rituais das religiões afro-brasileiras. Nas cerimônias sagradas, a plasticidade e o simbolismo se impregnam nos gestos, roupas e adereços das ialorixás, babalorixás e iaôs. Nelas, o imaterial e o material mantêm um tênue limite, como se os orixás e os seus devotos fossem uma única pessoa.
“Ao contrário de alguns sistemas religiosos, nos quais a perfectibilidade moral e espiritual se adquire pelo distanciamento ‘das coisas deste mundo’, inclusive dos prazeres provenientes do corpo, nas religiões afro-brasileiras, as coisas deste mundo são elementos fundamentais para a manifestação do sagrado”, escreveu Vagner Gonçalves da Silva, professor do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP).
O texto de Vagner Gonçalves, um reconhecimento à peculiaridade e originalidade desses cultos, foi escrito como apresentação de um livro que mostra, com detalhes, a multiplicidade dos adornos nas religiões de matriz africana: Jóias de axé, fios de contas e outros adornos do corpo – a joalheria afro-brasileira, elaborado pelo antropólogo Raul Lody.
Obra rara e bem-vinda sobre os objetos sagrados da joalheria africana, o livro destaca as muitas vertentes e habilidades adquiridas pelos artesãos dos cultos afros nos últimos séculos. Sejam aquelas trazidas dos países do Continente africano, sejam as adquiridas em território brasileiro, ao qual chegaram como escravos.
Mas o que chama especial atenção no trabalho de Lody é a importância dos fios de contas, objetos sagrados e de reconhecimento para o povo de santo. Presentes em nosso cotidiano, mesmo entre os que não pertencem ao candomblé, os fios são elementos de extrema importância na proteção e afirmação do devoto. Um item que abre as portas para que o indivíduo receba proteção e o habilita a participar das cerimônias dedicadas aos orixás..."
Leia a matéria na íntegra na edição 152
da Revista Continente, que está nas bancas.
Veja também por aqui trabalho de design sobre o tema.
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