Segundo um calendário maia, o dia 21 de dezembro de 2012 marcará o final de uma era e muitos associam esse vaticínio com a destruição do planeta Terra. A Terra tem 4,6 bilhões de anos. Daqui a 1 bilhão de anos, provavelmente será um planeta morto, porque o seu Sol vai ficar mais forte e evaporar todos os oceanos, tornando o nosso planeta um inferno. Mas dificilmente vamos testemunhar esse cenário (e a morte do próprio Sol, em 5 bilhões de anos), porque outras ameaças podem acabar antes com formas de vida que nem a nossa neste canto da galáxia. Aliás, isso quase aconteceu anteriormente: há 65 milhões de anos muitos animais, como os dinossauros, desapareceram; e há 251 milhões de anos, mais de 80% de todas as espécies existentes morreram. As criaturas, como nós, que habitam hoje a Terra, são o desenvolvimento daquela parcela que sobrou.
E corremos muitos riscos, dizem os astrofísicos. Podemos ser atingidos fatalmente pelos mais de mil asteroides que rondam o planeta ou perdermos a nossa atmosfera e campo magnético pela erupção de supervulcões da Terra mesmo, ou então ser vitimados por uma guerra nuclear ou biológica, fruto da nossa própria loucura. Mas também, se pensarmos em doidice, nossa economia industrializada já está acabando com a camada de ozônio pela destruição da natureza e o planeta poderá estufar de quente e/ou esfriar e gelar, em um futuro relativamente próximo. Seja como for, o fim da Terra, do Sistema Solar e de todas as estrelas de todas as galáxias do Universo, já estava traçado no seu começo, o Big Bang.
Como seres inteligentes(?!) podemos cuidar melhor da Terra e retardar a sua morte, ou colonizar outro planeta e dar sobrevida à nossa espécie, mas o fim de tudo é mesmo certo - tanto quanto é provável o surgimento de novos Universos nas borbulhas da Espuma Cósmica. Esse drama (afinal, a consciência da morte pessoal, como do possível desaparecimento de toda vida, é que dramaticamente nos constituiu humanos!), antes das explicações (sobre o "como" as coisas acontecem) das ciências, levou à meditação (sobre os "por quês") das tradições espirituais. Os textos sagrados, porém, possuem verdades finalísticas e não descritivas: mesmo quando se referem a fatos e datas é para enquadrar uma mensagem simbólica sobre a possibilidade de um sentido esperançoso para os ciclos da vida.
Pois as tradições de sabedoria, com suas narrativas simbólicas, fazem variações em torno da crença de que o mundo foi criado para uma finalidade divina. As religiões mais recentes, do Oriente Médio, acentuam um caráter mais linear do tempo, no qual Deus porá fim à Criação quando enviar o seu Messias para o julgamento de tudo - e uma nova era de paz. As religiões mais antigas e os novos movimentos espiritualistas, que se baseiam em mitologias do Extremo Oriente, enfatizam uma visão cíclica do tempo: da destruição de um Universo, Brahma surge para Criar um novo, Vishnu sustenta esse Universo até o seu declínio e Shiva o destrói para que o ciclo se reinicie.
Os nossos indígenas maias, craques na observação dos astros, tinham essa mesma interpretação cíclica (veja aqui, a despeito da escravidão e dos sacrifícios humanos, toda a sofisticação da civilização maia - de quem nos restaram apenas quatro livros após a queimada espanhola) e a data 21/12/2012 era prevista como o final de um ciclo da história (começado em 11/08/3114 AC) num de seus calendários, o de Contagem Longa ou Mesoamericano (veja aqui a discussão hermenêutica sobre as inscrições). A ocasião sugere um reencontro das divindades com a natureza, o que implica em transformações espirituais e começo de outra era (mas sempre tem gente infeliz procurando um terrorzinho escatológico: foi assim também com o milenarismo cristão no ano 2000, veja aqui).
É intrigante que essas intuições acerca do sentido do tempo, aliás, aproximem-se, desde o seu prisma e quando bem interpretadas, do que a ciência sabe acerca dos fatos futuros: o Universo conhecido, tal qual existe hoje, nasceu no Big Bang, há 13,7 bilhões de anos e, pelas contas dos cosmólogos, ele vai continuar se expandindo até esfriar e terminar como um punhado de partículas subatômicas (que voltam à Espuma Cósmica imprevisível), ou pode ser que (na teoria do Futuro Fechado), após 13 trilhões de anos, o Cosmos troque a expansão pela contração, terminando em um Big Crunch ou "reset" no Universo, para então começar tudo de novo. Provavelmente a gente estará por lá, na forma da energia que sobra quando os átomos dos nossos corpos são destruídos (ao menos esse "céu" nos sobrará!). Por enquanto, certo mesmo é que, ouvi dizer, no dia 21 de dezembro próximo vai ter uma "Festa do Fim do Mundo" lá no Clube Serrano, em Taquaritinga do Norte (cujo por-do-sol registrei na imagem aí de cima). A gente se vê!
André Steiger. Compreender a história da vida. Paulus, 1998.Como seres inteligentes(?!) podemos cuidar melhor da Terra e retardar a sua morte, ou colonizar outro planeta e dar sobrevida à nossa espécie, mas o fim de tudo é mesmo certo - tanto quanto é provável o surgimento de novos Universos nas borbulhas da Espuma Cósmica. Esse drama (afinal, a consciência da morte pessoal, como do possível desaparecimento de toda vida, é que dramaticamente nos constituiu humanos!), antes das explicações (sobre o "como" as coisas acontecem) das ciências, levou à meditação (sobre os "por quês") das tradições espirituais. Os textos sagrados, porém, possuem verdades finalísticas e não descritivas: mesmo quando se referem a fatos e datas é para enquadrar uma mensagem simbólica sobre a possibilidade de um sentido esperançoso para os ciclos da vida.
Pois as tradições de sabedoria, com suas narrativas simbólicas, fazem variações em torno da crença de que o mundo foi criado para uma finalidade divina. As religiões mais recentes, do Oriente Médio, acentuam um caráter mais linear do tempo, no qual Deus porá fim à Criação quando enviar o seu Messias para o julgamento de tudo - e uma nova era de paz. As religiões mais antigas e os novos movimentos espiritualistas, que se baseiam em mitologias do Extremo Oriente, enfatizam uma visão cíclica do tempo: da destruição de um Universo, Brahma surge para Criar um novo, Vishnu sustenta esse Universo até o seu declínio e Shiva o destrói para que o ciclo se reinicie.
Os nossos indígenas maias, craques na observação dos astros, tinham essa mesma interpretação cíclica (veja aqui, a despeito da escravidão e dos sacrifícios humanos, toda a sofisticação da civilização maia - de quem nos restaram apenas quatro livros após a queimada espanhola) e a data 21/12/2012 era prevista como o final de um ciclo da história (começado em 11/08/3114 AC) num de seus calendários, o de Contagem Longa ou Mesoamericano (veja aqui a discussão hermenêutica sobre as inscrições). A ocasião sugere um reencontro das divindades com a natureza, o que implica em transformações espirituais e começo de outra era (mas sempre tem gente infeliz procurando um terrorzinho escatológico: foi assim também com o milenarismo cristão no ano 2000, veja aqui).
É intrigante que essas intuições acerca do sentido do tempo, aliás, aproximem-se, desde o seu prisma e quando bem interpretadas, do que a ciência sabe acerca dos fatos futuros: o Universo conhecido, tal qual existe hoje, nasceu no Big Bang, há 13,7 bilhões de anos e, pelas contas dos cosmólogos, ele vai continuar se expandindo até esfriar e terminar como um punhado de partículas subatômicas (que voltam à Espuma Cósmica imprevisível), ou pode ser que (na teoria do Futuro Fechado), após 13 trilhões de anos, o Cosmos troque a expansão pela contração, terminando em um Big Crunch ou "reset" no Universo, para então começar tudo de novo. Provavelmente a gente estará por lá, na forma da energia que sobra quando os átomos dos nossos corpos são destruídos (ao menos esse "céu" nos sobrará!). Por enquanto, certo mesmo é que, ouvi dizer, no dia 21 de dezembro próximo vai ter uma "Festa do Fim do Mundo" lá no Clube Serrano, em Taquaritinga do Norte (cujo por-do-sol registrei na imagem aí de cima). A gente se vê!
Marcelo Gleiser. O fim da terra e do céu. Companhia das Letras, 2001.
Martin Rees. Hora final. Companhia das Letras, 2005.
Não sei porque as pessoas se preocupam tanto com o fim do mundo, no final das contas ninguem saberá mesmo se o mundo acabou ou não, ou será que alguns acreditam que suas almas ficarão em "algum lugar" observando os destroços daquilo que foi o seu mundo? Melhor que se fossem todos de uma só vez, assim ninguem teria que lamentar o desaparecimento do outro.
ResponderExcluirque bom se fosse verdade: ninguém teria mais dor ou tristeza...
ResponderExcluir'Fim do mundo' vai ter festa e meditação. Término do calendário maia, na próxima sexta, serve de inspiração para baladas e retiros espirituais pelo país...
ResponderExcluirhttp://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/84183-fim-do-mundo-vai-ter-festa-e-meditacao.shtml
muito bom prof.
ResponderExcluirantes desse fim do mundo eu vou sambar na cara da sociedade...
kkkkkkk
Desiane
AH, AH, AH. Aguardemos...
ResponderExcluirAntes de acabar o Corinthians perde para o Chelsea, os
mensaleiros devolverão 4X mais o que roubaram e a princesa
da Inglaterra terá que explicar seus enjoos "gravídicos" e quem
sabe haverá paz imediata entre judeus e palestinos.
Oxalá.
Soares.
Não sei pra que esse negócio do fim do mundo logo no dia do meu aniversário. Heheheheh.
ResponderExcluirManoel Rabelo.
Sou uma apaixonada da natureza e a foto me chamou atenção.
ResponderExcluirSe o mundo acabar, ou não, quero que saibas
que você tem importância fundamental na minha formação acadêmica.
Ijaciara.
Caro profeta,
ResponderExcluirMERRY CHRISTMAS AND HAPPY NEW YEAR!! I BELIEVE IN THE FUTURE!!
Janice Albuquerque
Muito bom. A certeza da conclusão: A festa do fim do mundo em Taquaritinga do Norte. Kkkk. Bom final de ano Gilbraz!!!
ResponderExcluirOrlando.
Enviado via iPhone
Autoridades argentinas fecharam os acessos ao monte Uritorco, tradicional área de meditação na província argentina de Córdoba (centro), por temerem um suicídio em massa por causa da profecia do fim do mundo do calendário maia...
ResponderExcluirhttp://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/mundo/2012/12/18/interna_mundo,413740/argentina-teme-suicidio-em-centro-espiritual-devido-ao-fim-do-mundo.shtml