de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços o meu pecado de pensar”
(Clarice Lispector).
Ela é uma das mais profundas escritoras brasileiras do século passado e escrevia com "uma missão sagrada, reconstruir o mundo e reconciliar o homem com deus". Nasceu em 1920 numa aldeia da Ucrânia, então pertencente à Rússia, e inicialmente ganhou o nome de Haia: a terceira filha do comerciante Pinkouss e de Mania Lispector. O nascimento foi durante emigração da família em direção à América: os pais, judeus, decidiram emigrar três anos após a Revolução Bolchevique de 1917, desanimados com sucessivas guerras, fome e miséria. Em 1925, depois de passar por Maceió, os Lispectors chegaram ao Recife e foram viver no bairro da Boa Vista, habitado pela comunidade judaica. Moraram em um casarão na praça Maciel Pinheiro e depois na avenida Conde da Boa Vista.
Em 1928, aos 7 anos, Clarice começou a estudar no Grupo Escolar João Barbalho, perto da Matriz da Boa Vista e da Sinagoga que frequentavam. Em 1930 morre a sua mãe, para quem gostava de "inventar" histórias. A família vivia de maneira modesta, as meninas almoçando às vezes suco de laranja e um pedaço de pão. Mais tarde, contudo, Clarice se recordaria da infância como um período bom, em que roubava flores e pitangas e tomava banhos de mar em Olinda. E até, em certo carnaval, "ganhou uma fantasia de rosa". Clarice escrevia histórias desde cedo e enviou vários contos para a seção “O Diário das Crianças” do Diário de Pernambuco, mas eles nunca foram publicados porque, como ela interpretou mais tarde, não falavam de “fatos”, mas de “sensações”. Em 1935 a família partiu pro Rio de Janeiro...
Saiba mais de Clarice Lispector:
http://www.claricelispectorims.com.br
Veja uma reflexão sobre a mística de Clarice
aqui, por Maria Clara Bingemer.
Veja uma reflexão sobre a mística de Clarice
aqui, por Maria Clara Bingemer.
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