caveira mexicana |
Somos, em verdade, ao menos devíamos ser, um esforço para vencer a morte, na medida em que morremos construindo a nossa vida. E a morte serve é para limitar a vida - e daí exigir que lhe demos valor, sentido, intensidade. Pense num berimbau: uma corda esticada por um arco, para se fazer música. Metáfora do que somos: somos um berimbau, onde a corda é o amor, Eros; e o arco é a morte, Tânatos. É assim que os artistas produzem beleza: esticando o amor com o arco da “morte”. O amor sozinho é frouxo ou bobo, a morte sozinha é terrível. Viver com arte é saber esticar o amor de viver no arco da morte e produzir beleza - que tem sempre um pouco de tristeza (como no seu por-do-sol), porque somos assim: seres crepusculares. Morrer - vivendo com intensidade - é modular bem esse berimbau e fazer uma música bela pra se dançar a vida. Mas não aperte demais, não exija demais da vida, senão a morte lhe devora. A morte é álcool de lei, sagrado conhaque que anima a vida, mas é para bebermos aos poucos e com alegria, brindando à vida que se esvai - e nos imortaliza, se vivemos bem.
Toda religiosidade surge ante o horror das “mortes” e se desenvolve em torno de "sacrifícios" nessa busca de uma fonte de “jorro eterno” de vida. Sacrificam-se pessoas e bens às divindades e/ou a divindade às pessoas: variações em torno do mesmo tema. O que se quer com “salvação” é saúde, completa e pra sempre. Como então encarar a morte, do ponto de vista de uma fé autêntica? Vamos silenciar um pouco, pois mais importante do que nossas palavras é o silêncio que queremos criar para que a Palavra lhe fale, de dentro...
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Veja mais sobre morte e imortalidade no blog:
Nós que aqui estamos...
E mais: Continente, revista de cultura de Pernambuco, traz este mês o cemitério como matéria de capa (veja aqui os resumos dos artigos que estão nas bancas) e também resgata integralmente on-line edição de 2006 sobre a morte (veja aqui).
E mais: Continente, revista de cultura de Pernambuco, traz este mês o cemitério como matéria de capa (veja aqui os resumos dos artigos que estão nas bancas) e também resgata integralmente on-line edição de 2006 sobre a morte (veja aqui).
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