O fato é comentado pela última Revista Istoé, em reportagem que coteja o apoio e o combate dos protestantes com relação ao regime militar brasileiro. Dentre os depoimentos, o de um professor que dia desses esteve em nosso Mestrado em Ciências da Religião da UNICAP, dirigindo um Seminário sobre Messianismos: Leonildo Campos. Ele relata a colaboração do pastor batista Roberto Pontuschka, capelão do Exército, que à noite torturava os presos e de dia visitava celas distribuindo o “Novo Testamento”.
"... O teólogo Leonildo Silveira Campos, que era seminarista na Igreja Presbiteriana Independente e ficou dez dias encarcerado nas dependências da Operação Bandeirante (Oban), em São Paulo, em 1969, não esquece o modus operandi de Pontuschka. “Um dia bateram na cela: ‘Quem é o seminarista que está aqui?’”, conta ele, 21 anos à época. “De terno e gravata, ele se apresentou como capelão e disse que trazia uma “Bíblia” para eu ler para os comunistas f.d.p. e tentar converter alguém.” O capelão chegou a ser questionado por um encarcerado se não tinha vergonha de torturar e tentar evangelizar. Como resposta, o pastor batista afirmou, apontando para uma pistola debaixo do paletó: “Para os que desejam se converter, eu tenho a palavra de Deus. Para quem não quiser, há outras alternativas.” (... )
Professor de sociologia da religião na Umesp, Campos, 64 anos, tem uma marca de queimadura no polegar e no indicador da mão esquerda produzida por descargas elétricas. “Enrolavam fios na nossa mão e descarregavam eletricidade”, conta. Uma carta escrita por ele a um amigo, na qual relata a sua participação em movimentos estudantis, o levou à prisão. “Fui acordado à 1h por uma metralhadora encostada na barriga.” Solto por falta de provas, foi tachado de subversivo e perdeu o emprego...".
Baixe também aqui dissertação sobre Protestantismo e golpe militar em Pernambuco.
Por Sandro Baggio
ResponderExcluirO artigo Os Evangélicos e a Ditadura Militar na revista IstoÉ Independente desta semana é muito elucidativo sobre a postura da igreja evangélica brasileira naquele momento sombrio da história de nosso país. O texto pode ser visto como mais um ponto de apoio para aqueles que adoram criticar os evangélicos. Para isto, no entanto, será necessário ignorar que o mesmo não fala apenas do silêncio, apoio e, em alguns casos, cooperação com o governo militar por parte de evangélicos, mas também da resistência, prisão e tortura sofrida por evangélicos que não concordaram com a ditadura. Ou seja, antes de utilizar este texto para selar sua crítica mordaz contra a Igreja Evangélica, lembre-se de que foi desta mesma Igreja que surgiram as histórias de resistência narradas no texto. Como eu disse, o artigo da IstoÉ é muito elucidativo. Mas temo que muitos não perceberão isso e o lerão sob as lentes de sua ideologia apenas como mais um sinal para jogar pedras na Igreja Evangélica Brasileira.
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