O teólogo jesuíta alemão Christoph Theobald participou, nesta quinta-feira (3), de um encontro com padres e professores da Universidade Católica de Pernambuco. O Café Teológico aconteceu no Salão Nobre da Unicap, localizado no bloco R, das 15h às 16h. Convidado pelo Reitor da Católica, Padre Pedro Rubens, de quem foi orientador na tese de doutorado, Christoph Theobald usou o Café Teológico para explicar os princípios de sua metodologia pastoralista. Essa estratégia de “fazer teologia” diante do cenário atual de descristianização é o tema do livro “Cristianismo como estilo”, publicado em 2007, e da conferência desta sexta-feira. Durante a palestra, haverá, também, o lançamento (primeiro no Brasil) da nova obra de Theobald, intitulada “Transmitir um Evangelho de liberdade”.
Após a identificação dos professores presentes, o teólogo alemão se disse contente em estar conhecendo de perto a Universidade Católica de Pernambuco, sobre a qual o Padre Pedro Rubens já teria falado bastante durante o convívio na França (no período em que desenvolveu a tese de doutorado). Esta é a segunda vez que Christoph Theobald vem ao Brasil: em 2000, ele participou do congresso da Revista Concilium, em São Paulo.
De acordo com Theobald, a principal questão da teologia é o processo de desaparecimento da corrente dogmática. “Esse paradigma caminhou até 1950, quando foi publicada a Encíclica Humanis Generis, que marcou a tomada de uma linha mais pastoral na Igreja”, explicou. Diante do desinteresse de estudantes pela teologia especulativa, ele aponta a filosofia como um caminho para resolver o desafio de unir essa vertente à teologia espiritual.
Dando início à abordagem do principal tema do encontro, Christoph Theobald buscou exemplos nos escritos de São Tomás de Aquino e de Ignácio de Loyola: “São Tomás faz uma narração da vida de Jesus na Suma Teológica, com uma noção de modo que vai ser traduzida na questão de estilo. Já Loyola fala de Cristo e do nosso ‘modo de proceder’. Em toda a história da espiritualidade, vemos a definição do Cristianismo como modo de viver, e não pela mensagem ou conteúdo”. A possibilidade de abordar a maneira de viver dos cristãos foi, inclusive, um dos fatores determinantes para a escolha do conceito de estilo como base do livro “O Cristianismo como estilo”. Em seguida, Theobald contou aos presentes a sua experiência na área teológica, como professor, diretor da revista “Pesquisa em Ciências da Religião” (qualificada na Europa como Internacional A, isto é, de máxima qualidade) e pastoralista. “Onde trabalho, tento conciliar as partes acadêmica e pastoral. Procuro passar muito tempo nesse último campo, devido ao fenômeno de descristianização e exculturação do cristianismo no continente europeu”, esclareceu.
Para o teólogo alemão, é necessário construir uma ação pastoral com continuidade, já que os fundamentos não têm mais espaço e o Cristianismo perdeu espaço na sociedade. Nesse sentido, ele desenvolveu a “Pedagogia da Gestação”, fundamentada em três pilares: círculos bíblicos, leitura dos sinais dos tempos e acesso à vida interior. Entenda a metodologia:
Círculos bíblicos: “Nós formamos equipes guiadas para ler a Bíblia, que, apesar da descristianização, continua sendo um grande código na chave cultural e se transformou em uma nova vertente de estudo para intelectuais, psicanalistas...”
Leitura dos sinais dos tempos: “Convidamos as pessoas a narrarem sua existência e, então, nos colocamos em relação à Bíblia como um todo, à existência dessa gente e o lugar onde vive”. Acesso à vida interior: “Esta é a parte da oração, propriamente, dita.”
“Essa linha de atuação”, afirmou Theobald, “é uma alternativa à Pastoral da Reorganização da Paróquia, que está surgindo na França, mas não se preocupa com as pessoas”. Além de desenvolver os três pilares de ação pastoralista, ele está engajado em dois grupos de cultura e discussão. No primeiro, reúne-se com cientistas de diversas áreas do conhecimento, em Paris; no segundo, encontra-se com profissionais e admiradores da música, para escutar e debater sobre canções de cunho religioso. Para Christoph, o envolvimento nos três campos (pastoral, ciência e música) é a comprovação de sua ideia do trabalho teológico: “Esse tipo de projeto precisa estar, diretamente, vinculado à prática”, declarou.
A última parte do Café Teológico foi dedicado a considerações sobre as situações da religião Cristã na Europa e na América Latina. “Existe uma diferença muito grande. Aqui, o Cristianismo é barroco, mais semelhante ao da Alemanha e do atual Papa. É uma versão que permite mais sincretismos do que o Catolicismo esclarecido da França”, observou o teólogo. Segundo ele, o Brasil, embora tenha o problema de transmissão do Cristianismo entre gerações, não há, ainda, o fenômeno da exculturação. “Trata-se, ainda, de uma referência cultural muito forte.”
Por fim, Christoph Theobald criticou o movimento francês a que batizou de “Reaproveitamento do lixo”, isto é, a postura de se ver o Cristianismo como uma fonte de recursos para o cimento social, rebuscando as lições e fundamentos da religião, exclusivamente, em situações de emergência ou crise. Embora condene o comportamento, ainda consegue enxergar o seu lado positivo: “Mesmo isso pode ser um bom ponto de partida para se ir mais longe”. O Café Teológico foi encerrado com a entrega de uma camisa da Universidade Católica de Pernambuco a Christoph Theobald e a realização de um coquetel de confraternização.
Após a identificação dos professores presentes, o teólogo alemão se disse contente em estar conhecendo de perto a Universidade Católica de Pernambuco, sobre a qual o Padre Pedro Rubens já teria falado bastante durante o convívio na França (no período em que desenvolveu a tese de doutorado). Esta é a segunda vez que Christoph Theobald vem ao Brasil: em 2000, ele participou do congresso da Revista Concilium, em São Paulo.
De acordo com Theobald, a principal questão da teologia é o processo de desaparecimento da corrente dogmática. “Esse paradigma caminhou até 1950, quando foi publicada a Encíclica Humanis Generis, que marcou a tomada de uma linha mais pastoral na Igreja”, explicou. Diante do desinteresse de estudantes pela teologia especulativa, ele aponta a filosofia como um caminho para resolver o desafio de unir essa vertente à teologia espiritual.
Dando início à abordagem do principal tema do encontro, Christoph Theobald buscou exemplos nos escritos de São Tomás de Aquino e de Ignácio de Loyola: “São Tomás faz uma narração da vida de Jesus na Suma Teológica, com uma noção de modo que vai ser traduzida na questão de estilo. Já Loyola fala de Cristo e do nosso ‘modo de proceder’. Em toda a história da espiritualidade, vemos a definição do Cristianismo como modo de viver, e não pela mensagem ou conteúdo”. A possibilidade de abordar a maneira de viver dos cristãos foi, inclusive, um dos fatores determinantes para a escolha do conceito de estilo como base do livro “O Cristianismo como estilo”. Em seguida, Theobald contou aos presentes a sua experiência na área teológica, como professor, diretor da revista “Pesquisa em Ciências da Religião” (qualificada na Europa como Internacional A, isto é, de máxima qualidade) e pastoralista. “Onde trabalho, tento conciliar as partes acadêmica e pastoral. Procuro passar muito tempo nesse último campo, devido ao fenômeno de descristianização e exculturação do cristianismo no continente europeu”, esclareceu.
Para o teólogo alemão, é necessário construir uma ação pastoral com continuidade, já que os fundamentos não têm mais espaço e o Cristianismo perdeu espaço na sociedade. Nesse sentido, ele desenvolveu a “Pedagogia da Gestação”, fundamentada em três pilares: círculos bíblicos, leitura dos sinais dos tempos e acesso à vida interior. Entenda a metodologia:
Círculos bíblicos: “Nós formamos equipes guiadas para ler a Bíblia, que, apesar da descristianização, continua sendo um grande código na chave cultural e se transformou em uma nova vertente de estudo para intelectuais, psicanalistas...”
Leitura dos sinais dos tempos: “Convidamos as pessoas a narrarem sua existência e, então, nos colocamos em relação à Bíblia como um todo, à existência dessa gente e o lugar onde vive”. Acesso à vida interior: “Esta é a parte da oração, propriamente, dita.”
“Essa linha de atuação”, afirmou Theobald, “é uma alternativa à Pastoral da Reorganização da Paróquia, que está surgindo na França, mas não se preocupa com as pessoas”. Além de desenvolver os três pilares de ação pastoralista, ele está engajado em dois grupos de cultura e discussão. No primeiro, reúne-se com cientistas de diversas áreas do conhecimento, em Paris; no segundo, encontra-se com profissionais e admiradores da música, para escutar e debater sobre canções de cunho religioso. Para Christoph, o envolvimento nos três campos (pastoral, ciência e música) é a comprovação de sua ideia do trabalho teológico: “Esse tipo de projeto precisa estar, diretamente, vinculado à prática”, declarou.
A última parte do Café Teológico foi dedicado a considerações sobre as situações da religião Cristã na Europa e na América Latina. “Existe uma diferença muito grande. Aqui, o Cristianismo é barroco, mais semelhante ao da Alemanha e do atual Papa. É uma versão que permite mais sincretismos do que o Catolicismo esclarecido da França”, observou o teólogo. Segundo ele, o Brasil, embora tenha o problema de transmissão do Cristianismo entre gerações, não há, ainda, o fenômeno da exculturação. “Trata-se, ainda, de uma referência cultural muito forte.”
Por fim, Christoph Theobald criticou o movimento francês a que batizou de “Reaproveitamento do lixo”, isto é, a postura de se ver o Cristianismo como uma fonte de recursos para o cimento social, rebuscando as lições e fundamentos da religião, exclusivamente, em situações de emergência ou crise. Embora condene o comportamento, ainda consegue enxergar o seu lado positivo: “Mesmo isso pode ser um bom ponto de partida para se ir mais longe”. O Café Teológico foi encerrado com a entrega de uma camisa da Universidade Católica de Pernambuco a Christoph Theobald e a realização de um coquetel de confraternização.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela sua participação!