Por Tiago Cisneiros, para o Boletim Unicap
O Fórum Inter-religioso da Católica foi retomado nesta segunda-feira (9), das 17h às 18h30, com a exposição “Presbiterianos: um outro caminho”. O evento, organizado pelo Mestrado em Ciências da Religião e pelo curso de Teologia da Unicap, foi realizado no auditório do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH ).
O Fórum Inter-religioso da Católica foi retomado nesta segunda-feira (9), das 17h às 18h30, com a exposição “Presbiterianos: um outro caminho”. O evento, organizado pelo Mestrado em Ciências da Religião e pelo curso de Teologia da Unicap, foi realizado no auditório do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH ).
Na ocasião, foi exibido um breve documentário, produzido pela Assecom, com cenas de cultos e entrevistas sobre as principais características da Igreja Presbiteriana no Brasil. Em seguida, o professor Gilbraz Aragão, coordenador do Mestrado em Ciências da Religião, deu as boas-vindas ao público e falou sobre o terceiro ano do Fórum Inter-religioso. “A ideia é silenciar nossa confissão de fé e buscar caminhos alternativos para os tempos difíceis em que vivemos”, explicou. Por fim, anunciou a presença do Reverendo Marcos André, convidado para esclarecer os princípios do presbiterianismo.
O Reverendo Marcos André tratou das particularidades do sistema presbiteriano, que se baseia na “soberania de Deus”. Desse postulado inicial, são desenvolvidas todas as crenças e preceitos da religião. Confira a seguir os quatros principais pontos consequentes da afirmação no Deus soberano:
Deus está no controle absoluto de tudo.
O controle é exercido, exclusivamente, por Deus.
O espírito de Deus governa todas as coisas visíveis e invisíveis.
Tudo acontece com um propósito definido.
Os pensamentos presbiterianos são apoiados nas Escrituras Sagradas (Bíblia). “O princípio central da soberania de Deus está na palavra de Deus”, definiu o Reverendo. A Igreja Presbiteriana defende o livre exame da Bíblia, a partir do seguinte silogismo: se Deus é o senhor da consciência e se cada homem tem que prestar contas só a Deus, logo, é cabível o direito de interpretar as Escrituras livremente.
O Reverendo Marcos explicou, também, que o sistema da Igreja possui quatro colunas: Teologia, Dever, Culto e Governo. Durante a explicação, ele detalhou as características e os significados dessas esferas. “A teologia presbiteriana é fundamental, por que é a exposição do que devemos crer acerca de Deus, e calvinista. Apesar de sua origem estar na palavra de Deus, nós seguimos a interpretação de João Calvino”, declarou o Reverendo. Em seguida, ele diferenciou as três dimensões de aceitação: aquelas que são comuns a todos os cristãos, as que norteiam todos os protestantes e as que servem a todos os calvinistas. Sobre a linha do calvinismo, ele destacou os cinco pontos fundamentais, criados por seguidores de Calvino, após a sua morte: Depravação total (o homem não age contra sua natureza; depois de ter pecado, ele não deixa de pecar; não há, portanto, um livre arbítrio); Eleição incondicional (Deus escolhe, previamente, o destino de cada pessoa, para a salvação ou não); Expiação limitada (Jesus morreu, apenas, pelos que foram eleitos de Deus antes da criação do mundo); Graça irresistível (a graça – Novo Nascimento – é exclusiva e irrecusável para os eleitos de Deus); e Perseverança dos Santos (quem é do senhor será, sempre, do senhor). Dentro do campo da Teologia, foram apresentadas, ainda, as ideias com referência à salvação divina.
Sobre o Dever, o Reverendo destacou a existência de um padrão definido, cujos princípios são, claramente, exibidos nas Escrituras. Explicou que, para os presbiterianos, existe uma “livre agência” do homem, mas não um “livre arbítrio”, por sua incapacidade de agir contra a própria natureza. Em seguida, resumiu as noções da Igreja sobre a lei moral de Deus, o pecado, a fé, as regras de conduta, a ortopraxia e o chamado para as boas obras, entre outros pontos do comportamento humano. O Reverendo detalhou, também, a ideia de que a Igreja e o Estado são instituições divinas. “Os presbiterianos começaram na Escócia, onde, até hoje, existe uma relação entre essas instâncias. Acreditamos que ambas são frutos do desejo de Deus, mas defendemos que deve haver a separação dos poderes”, esclareceu. A partir desse princípio, concluiu que é necessária a obediência às autoridades civis, que seriam posições concedidas por Deus.
Quanto ao Culto, o Reverendo Marcos pontuou os pilares da Igreja Presbiteriana: o monoteísmo (só Deus deve ser adorado), a noção de Cristo como o único mediador entre Deus e os homens, e a aceitação do culto quando feito em espírito (“com todo o ser”) e em verdade (“segundo as Escrituras”). O culto presbiteriano não está submetido a um lugar fixo e deve ser regido pelos princípios que estão na Bíblia. “Segundo nossa doutrina, o que não é dito na Bíblia não se pode fazer”, observou o Reverendo. Dos sete dias da semana, um deve ser para o descanso, tido como “o dia do Senhor”. Os ministros da Igreja Presbiteriana não são considerados sacerdotes, e, sim, líderes e ministros dos cultos.
Na última parte da apresentação, o Reverendo tratou sobre o Governo. O presbiterianismo defende que Jesus é o chefe da Igreja, o sumo sacerdote, e que ele determinou a natureza governamental. Os presbiterianos acreditam que todos os membros da Igreja têm o direito de participar e os cristãos têm autonomia para exercer a livre associação. As igrejas presbiterianas são, administrativamente, independentes, embora estejam subordinadas, nos aspectos espiritual e doutrinário, às leis da religião. “Nós acreditamos que a Igreja possui o direito de disciplina”, destacou o Reverendo, sobre a noção moralizadora dos presbiterianos.
Em seguida, ele comentou a Assembleia de Westminster, realizada no século 17, na qual foram redigidos documentos para orientar o presbiterianismo. Desses escritos, destacam-se a Confissão de Fé de Westminster, o Catecismo Menor de Westminster e o Catecismo Maior de Westminster, fundamentados nas Sagradas Escrituras e tidos como os “três símbolos da fé presbiteriana”. Por fim, o Reverendo detalhou a organização administrativa dos presbiterianos brasileiros. “O Conselho da Igreja realiza, no mínimo, uma reunião a cada três meses, e exerce jurisdição sobre a igreja local. O Presbitério é a reunião de quatro igrejas. Já o Sínodo lidera três ou mais presbitérios de uma região. Por fim, há o Supremo Concílio, a unidade maior da Igreja Presbiteriana do Brasil, que se reúne a cada quatro anos, e é formado por dois ministros e dois presbíteros de cada prebistério”, explicou. Das 18h às 18h30, foi aberto um espaço para a realização de debate e a exposição de dúvidas e opiniões do público, sobre a doutrina do presbiterianismo.
O Fórum Inter-religioso promove encontros mensais, com o objetivo de esclarecer e discutir sobre as diversas crenças e religiões existentes no Brasil e no mundo. Confira a programação das próximas sessões:
13 de abril: Jurema Sagrada (grupo que cultiva tradição indígena em torno da poção feita com jurema, planta do Sertão brasileiro).
11 de maio: Cristãos da Igreja Congregacional
8 de junho: Pajelança dos índios da tribo Xucuru, do município de Pesqueira.
As informações sobre os eventos e discussões do Mestrado em Ciências da Religião da Unicap podem ser obtidas no site http://crunicap.blogspot.com/ . Os detalhes sobre o Fórum Inter-religioso estão disponíveis no site da equipe realizadora do projeto, o Grupo de Estudos sobre Trandisciplinaridade e Diálogo entre Culturas e Religiões. O endereço é www.unicap.br/observatorio.
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