16 de set. de 2013

CATOLICISMO PODE DESAPARECER?!




Por Gilbraz Aragão.

Acabamos de vivenciar, no Congresso da ANPTECRE na UNICAP, um balanço das tendências demográficas das religiões no Brasil e pelo mundo. As análises apontam para o crescimento de novos movimentos religiosos, bem como para o fenômeno crescente dos "sem religião" e de cristãos evangélicos, dentre eles os "sem filiação denominacional" - muitos dos quais após um trânsito por grupos pentecostais. Apesar do susto do papa Bento em sua visita de 2007 (veja aqui o documentário Continente da esperança), a Igreja Católica continua majoritária no Brasil. Mas seu futuro é problemático (acesse os dados completos do recenseamento a esse respeito por aqui e veja infográfico sobre os números do catolicismo no mundo por aqui).

Os dados sobre religião do Censo 2010 do IBGE chamam a atenção de estudiosos por indicarem que a proporção de católicos no Brasil continua caindo (de 73,57% em 2000 para 64,63% em 2010) ao mesmo tempo em que se amplia o número de evangélicos (de 15,41% para 22,16%), de “sem religião” (de 7,35% para 8,04%) e de espíritas (de 1,33% para 2,02%). Quando analisados os dados de Pernambuco (veja aqui), então, verificamos que o estado experimenta o mesmo movimento de pluralização religiosa, mas também que o processo ocorre aqui até de forma mais intensa que em outros estados do Nordeste, sobretudo a partir da década de 1990 e de forma acentuada no litoral e na Região Metropolitana do Recife (que já é a quarta com mais "sem religião" do país, sendo que o município do Recife tem 224 mil pessoas sem religião, 384 mil evangélicos e 835 mil católicos). A tendência também já é forte nas regiões de Caruaru e Petrolina. Surgiu novo cenário da religiosidade em nosso estado: vinte municípios passaram a apresentar uma proporção de menos de 50% de católicos, dois dos quais (Rio Formoso e Sirinhaém) são de maioria evangélica em 2010.

Um livrinho que circulou entre os congressistas da ANPTECRE, O futuro de deus (de BAKAS, A. e BUWALDA, M. São Paulo: A Girafa, 2011), trazendo cenários globais para o futuro da espiritualidade e análises das megatendências religiosas na nova ordem mundial em curso, dispara: "... A elevação da consciência e o surgimento de novos conceitos religiosos vindos de países multiculturais, como os Estados Unidos e o Brasil, chamados 'novos países', podem levar ao fim das religiões hegemônicas do mundo. A primeira das grandes religiões a desaparecer deve ser o catolicismo romano. Assim como as empresas multinacionais, as grandes instituições religiosas estão hoje muito vulneráveis a mudanças repentinas na opinião pública. A publicidade negativa de padres católicos envolvidos em abuso sexual de crianças é um exemplo disso..." (pg. 17). Os autores também reconhecem que o catolicismo oferece notícias boas de cuidado e sentido para a vida, mas dependendo do contexto...

Já em abril passado, fomos alertados por uma edição do Programa "Geopolitis", intitulada "Catholicisme: quelle Église pour le pape?", de que a Igreja católica cresce em certos rincões, mas diminui em lugares que nem o nosso, e mesmo que "... o catolicismo poderia desaparecer do Brasil e da Guatemala em trinta anos", se as atuais projeções estatísticas prevalecerem. A análise parece, talvez, alarmante para os católicos, mas provém de uma equipe multidisciplinar especializada em geografia política. Preparado pela "Radio Télévision Suisse (RTS)", o programa europeu sobre geopolítica está disponível na internet e é dividido em quatro partes: o contexto, a reportagem, o convidado (no caso, André Kolly, jornalista de informação religiosa) e o editorial. Além da emissão televisiva do programa (em francês) sobre o catolicismo pelo globo, o site Geopolitis ainda traz sobre essa edição um fórum de discussões, atualidades sobre os evangélicos, infográfico sobre as dinâmicas religiosas no mundo e reportagens sobre as várias faces do cristianismo...

"Um bilhão e duzentos milhões de católicos no mundo! É a cifra estimada no último anuário pontifício, que estipula igualmente que o número de católicos vem crescendo há anos. Um crescimento aumentado no início deste século, mas com grandes disparidades em escala mundial. O catolicismo recua na Europa e mesmo na América do Sul, continente onde ele é contudo mais presente. Porém, ele progride na África e na Ásia do Sudeste. O papa Francisco, o primeiro vindo de um país do Sul, dirige uma Igreja na qual um em cada cinco seres humanos se reconhece e cujos centros de gravidade estão doravante fora do continente europeu. Qual é mesmo o estado atual da Igreja católica? O papa Francisco vai modificar os seus rumos? Como ficam as outras grandes religiões? Geopolitis mergulha na situação da Igreja católica face a si mesma e frente às outras religiões".

Um comentário:

  1. Há cada vez menos católicos em Portugal e cada vez mais protestantes/evangélicos e Testemunhas de Jeová, revela um estudo do Centro de Estudos de Religiões e Culturas da Universidade Católica Portuguesa...
    http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=2422526&page=-1#.uo476gbpoy0.facebook

    ResponderExcluir

Obrigado pela sua participação!