Na próxima quinta à tarde vamos ter, aberta ao público, a aula magna do semestre do Mestrado em Ciências da Religião da UNICAP. Será proferida por Carlos Mendoza-Álvarez, que nasceu no México, onde ensina teologia fundamental. Sua formação filosófica na Universidade Nacional Autônoma do México foi enriquecida por um doutorado em teologia em Paris e Friburgo, em que manteve um diálogo significativo com o pensamento hermenêutico de Paul Ricoeur, a fenomenologia de Emmanuel Levinas e a teoria mimética de René Girard. É autor, entre outros, de O Deus escondido da pós-modernidade: desejo, memória e imaginação escatológica (São Paulo: É Realizações, 2011).
Com base em perspectivas hermenêuticas antissistêmicas, então, Carlos vai refletir sobre o futuro das religiões. Em tempos de modernidade globalizada, com grandes possibilidades tecnológicas e enormes dificuldades de relações entre grupos humanos e destes com a natureza, as pessoas tendem a ficar mais egoístas, no sentido de ouvir mais a própria intuição. Paradoxalmente, isso leva à busca por uma espiritualidade maior e uma melhor compreensão do significado da vida, o que pode inclusive redefinir e ampliar os nossos limites éticos. Será, pois, que vamos assistir à ascensão de uma “divindade ecológico-planetária” e de uma “nova consciência” espiritual? Ou, ao invés, as crises culturais e econômicas, que atravessam o planeta, levarão a uma politização de ortodoxias moralistas e sob pressão de potências mundiais? Como teólogo cristão aberto ao diálogo, Mendoza aposta que a religião terá futuro se fizer aliança com os sobreviventes das catástrofes modernas para, compartilhando histórias e esperanças, superar as práticas de sacrifício das igrejas e instituições e ensaiar experiências de um divino todo-amoroso.
Aproveitando a temática, por ocasião dessa aula inaugural vamos lançar, com um número de revista e um site na Internet, o Núcleo de Estudos José Comblin, que reunirá na Universidade Católica de Pernambuco as pessoas interessadas na reflexão crítica sobre o pensamento desse grande teólogo e na reflexão sobre a missão cristã no mundo, tomando por base as ideias e o testemunho do Padre Comblin. Ele deixou na UNICAP não apenas a sua biblioteca, mas também muitos amigos, com a tarefa de continuar semeando uma espiritualidade libertária e compromissada. Por isso, o Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião abre uma linha de pesquisa sobre o pensamento de José Comblin, dentro do Grupo de Pesquisa Religiões, Identidades e Diálogos. Esse Grupo, partindo da complexidade de performances do cenário religioso atual, propõe-se a analisar os deslocamentos religiosos, dando ênfase às várias tentativas de configuração de diálogo inter-religioso, bem como às novas gramáticas constitutivas das identidades religiosas.
A partir de agora, com essa linha de pesquisa sobre o pensamento do Padre Comblin, especial destaque se dará à colaboração da sua teologia e da sua história para a reflexão sobre as identidades e alteridades que as religiões promovem. José Comblin (1923-2011) é figura simbólica para muitos cristãos e cidadãos espalhados pelo mundo e, sobretudo, na América Latina e no Nordeste brasileiro. Um dos fundadores da Teologia da Libertação, com uma produção privilegiada, onde se contam centenas de artigos e mais de setenta livros, Comblin foi um apaixonado das causas populares, na perspectiva do seguimento de Jesus, o que abre perspectivas para reflexões sobre a identidade e o futuro da fé cristã, como também sobre critérios para o diálogo inter-religioso, desafio incontornável para todas as tradições espirituais. Participe!
Gostei muito do blog. Vocês conhecem Aline, da Cidade das Pirâmides, que em seu programa De Olho No Mundo (www.deolhonomundo.com) analisa a essência humana, o mundo, astrologia, fenômenos ocultos..., em sua plenitude. Tenho certeza que vocês gostarão. Abraços.
ResponderExcluirParabéns por resgatar a memória do padre Comlbin: ele foi uma pessoa muito importante pra história de muita gente por aqui, mas as gerações mais novas, principalmente da Igreja, nem ouviu falar nele (porque fica só de louvor, sem estudo e sem ação). Parabéns pela coragem de vocês!
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ResponderExcluir10 pela iniciativa da aula inaugural que com certeza será uma fonte de novos conhecimento para todos acadêmicos, mestre e doutores da UNICAP e, principalmente pela iniciativa da pesquisa sobre o pensamento de Pe. Comblin. O céu está cheio de estrelas, há aquelas que se destacam por seu tamanho e há aquelas que se destacam pela intensidade de seu brilho, mesmo a uma distancia de anos luz, se faz presente aos olhos dos que preferem a luz, ao brilho.