2 de dez. de 2012

TEORIAS PÓS-COLONIAIS E RELIGIÕES

No próximo dia 7 de dezembro, sexta, das 9 às 17h, na sala 004, térreo do bloco  G4 da UNICAP
O Mestrado em Ciências da Religião promove
(com entrada franca aos interessados na temática) o debate sobre:

“Teorias pós-coloniais 
nos estudos da religião”
com Lauri Wirth (UMESP)

Póscolonialismo é um conjunto de teorias que analisa os efeitos políticos e filosóficos deixados pelo colonialismo. Trata-se de um campo interdisciplinar surgido na área de história, que contribui para uma série de disciplinas das humanidades. Estudos pós-coloniais implicam na crítica das teorias intelectuais e linguísticas, sociais e econômicas que sustentam as formas ocidentais de pensar (Raciocínio Dedutivo, Estado de Direito, Razão Instrumental, Monoteísmo) e de compreender o mundo (no estilo preconizado por Benjamin a partir da obra Angelus Novus). Assim, é o espaço intelectual criado para que os povos subalternos falem por si mesmos, produzindo conversas alternativas à dominante (como as ensaiadas por Fanon e SaidMariátegui, Anzaldúa, Dussel e mesmo Las Casas).

Essas teorias acham que as ciências, especialmente sociais e humanas, que têm o plano de elaborar conceitos universais que explicariam fenômenos sociais e culturais de toda humanidade, estão intimamente ligadas ao esquema de expansão e dominação da Europa Ocidental (e depois, também dos Estados Unidos) em todo o mundo. As Ciências da Religião, inclusive, não escapariam desse projeto “universal”.

A pergunta que se coloca, então, é: se o lugar social e epistemológico dos estudiosos tem influência sobre a produção do conhecimento, é necessário e possível a elaboração de interpretações que assumam explicitamente o lugar geográfico, social e epistemológico, do “Sul” (dos pobres e das "outras" culturas), na análise do fenômeno religioso e do seu papel na sociedade?! As Ciências da Religião, vale lembrar, surgiram no contexto de crítica libertária europeia (Feuerbach) e de descoberta de outras tradições culturais, orientalistas (Muller), o que conferiu as suas possibilidades hermenêuticas, mas também os seus limites (subjetivistas, evolucionistas).

Como, então, pensar a origem, a função, o sentido e a "verdade" das religiões a partir do "Sul do Equador", dos interesses dos empobrecidos e submetidos (que até são mais "universalizáveis" que os dos ricos e vencedores da história)?! Fica o desafio de fazermos ciência com base em outras lógicas, superando o princípio de identidade e contradição pelo de complexidade, e vislumbrando que, em outros níveis que também constituem a realidade, verdades contrapostas podem se explicar ou conviver, sem que o diferente seja sempre um objeto "colonizável". Fazer ciência não como aplicação de conceitos disciplinares, mas como uma recriação transdisciplinar de conceitos e métodos...

Lauri Emilio Wirth, convidado para facilitar esse debate, possui graduação em Teologia pela Escola Superior de Teologia - São Leopoldo-RS (1983) e doutorado em Teologia pela Universidade de Heidelberg - Alemanha (1991). Atualmente é professor no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo. Principais ênfases da sua pesquisa: História do Protestantismo - História do Cristianismo na América Latina - Religião e Cotidiano. É membro do Centro de Estudos da História da Igreja na América Latina (CEHILA) e da Associação Brasileira de História das Religiões (ABHR).

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