A Revista Superinteressante fez uma resenha biográfica do Deus judaico-cristão (Iahweh, Javé, Jeová). Baseando-se nos livros The early history of God, de Mark Smith, e Deus, uma biografia, de Jack Miles, os articulistas José Lopes e Alexandre Versignassi, em um exercício de história comparada das religiões, narram o crescimento da figura de Deus, desde "criança" até "homem feito". Serve como aperitivo e provocação para quem deseja pesquisar a sério as reviravoltas de uma divindade guerreira de grupos nômades do deserto do Oriente Médio, que acabou encarnado na figura de Jesus e influenciou o modo como o mundo todo vê a Deus: em vez de castigando os homens, purgando os pecados dos mortais com o sacrifício Dele próprio...
"... Toda cultura humana já teve seu Deus. Seus deuses, na maioria dos casos: seres divinos que interagiam entre si em mitologias de enredo farto, recheadas de brigas, lágrimas, reconciliações. Os deuses eram humanos. Mas isso mudou. A imagem divina que se consolidou é bem diferente. Deus ganhou letra maiúscula na cultura ocidental. Os panteões divinos acabaram. Deus tornou-se único. É o Deus da Bíblia, Javé, o criador da luz e da humanidade. O pai de Jesus. Essa concepção, que hoje parece eterna, de tanto que a conhecemos, não nasceu pronta. Ela é fruto de fatos históricos que aconteceram antes de a Bíblia ter sido escrita. O próprio Javé já foi uma divindade entre muitas. Fez parte de um panteão do qual não era nem o chefe. O fato de ele ter se tornado o Deus supremo, então, é marcante: se fosse entre os deuses gregos, seria como se uma divindade de baixo escalão, como o Cupido, tivesse ascendido a uma posição maior que a de Zeus É essa história que vamos contar aqui. A história de Javé, a figura que começou como um pequeno deus do deserto e depois moldaria a forma como cada um de nós entende a ideia de Deus, não importando quem ou o que Deus seja para você..."
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O site Observatório da Imprensa, o maior veículo de crítica de mídia do país (e capitaneado pelo ilustre judeu Alberto Dines, vale lembrar), divulgou na seção "Feitos e Desfeitas" um artigo de autoria do jornalista (e teólogo adventista) Michelson Borges em protesto à reportagem de capa da Revista Superinteressante. Ele aprofunda as ponderações do pastor (também adventista) Douglas Reis, de que a matéria na Super segue duas tendências equivocadas: considerar a formulação do conceito de Deus como algo progressivo e sustentar alegações pretensiosas e descabidas, sem oferecer pontos de vista alternativos. E vitupera, então...
"... A revista diz que Javé [ou Yahweh] era uma divindade que "provavelmente começou como um deus menor, cultuado por nômades. Bem antes de a Bíblia ser escrita". Curiosamente, na capa dessa edição, a revista não usa o "provavelmente", mas afirma: "Houve um tempo em que Deus era apenas mais um." É a velha tática das capas sensacionalistas e vendáveis. A intenção do texto (que revela, na verdade, a intenção dos jornalistas e editores céticos de mãos dadas com teólogos liberais sempre convenientes) é igualar Yahweh a deuses mitológicos, desconstruindo, se possível, a fé de bilhões de pessoas. Como já disse, a matéria chega a afirmar que o Deus bíblico se casou com a deusa Asherah, nos templos de quem praticava a prostituição cultual tão reprovada pelos profetas de Israel. E mais: diz que "uma ameaça pairava sobre os deuses de Canaã. Era a ambição de Javé". Francamente... Ambição tinha Lúcifer quando quis ocupar o lugar de Deus no Céu. Será que essa matéria da Super não foi "inspirada" por outras ambições?..."
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E aí: vamos exercitar a "epistemologia das controvérsias"? O que você pensa? Pra onde vai essa história?!
Eu acho o titulo da reportagem e conseqüentemente do livro impróprio. Uma vez que todos os povos tiveram e tem um Deus, quando se lê o titulo imagina-se que se abordará, uma história geral de Deus. Se for tratar apenas do Deus da bíblia então coloque, “Deus bíblico: uma biografia”, ou “Javeh: uma biografia”. Inclusive eu tenho um livro que se chama “Satã: uma biografia”, já que Satã é uma figura exclusiva da história religiosa Judaica-cristã, não precisa de especificação, pois NÃO existe Satã em outras religiões que não seja as derivadas da bíblia.
ResponderExcluirCreio que no momento estamos imersos num contexto oportuno de se discutir sobre várias questões ligadas a religião. No caso da capa "Deus uma biografia" penso que é necessário mirar o fato pelo lado de fora da questão seguimento de uma religião. E por quê? De fora, vibramos com as pesquisas atuais, discutimos mais os dilemas que afetam a humanidade e que tem a religião no centro de muitas querelas - como no caso do O. Médio e etc - e podem contribuir com o distanciamento entre povos e culturas. Ora, tencionar escrever ou provar uma biografia de Deus é no mínimo cômico. Não podemos encerrar a existência de Deus em linhagens ou descendências. Penso que é melhor tentar aproximar sua existência dos nossos desafios e sentir-se desafiado a conhecê-lo mais, adorá-lo mais e existir com mais tolerância no hoje da história. Iahweh disse: "Eu Sou Aquele que Sou". Vamos desafiar mais nossa consciência histórica, nela cabe a presença de Deus, até sem biografia.
ResponderExcluirJosé Soares de Jesus
Deus é uma idéia. pelo menos em princípio. Dessa idéia humana se ramificam conceitos, especulações e as crenças de cada povo. Um eixo simbólico no qual dependendo da cultura se metamorfoseia em um signo, chamado Deus. No aspecto transcendente, as ciências sociais/humanas encontram um sentimento de projeção para algo que não está aqui, no agora, na visibilidade, no palpável, no encontrado, e é exatamente nesse âmbito que deus se aloja, se faz existir. Uma biografia de Deus pode soar direcionada , talvez um olhar sobre os deuses, ou sobre os deuses de cada cultura, povo, um deus que estaria mais vinculado ao histórico que mesmo ao rito e crença. Conjecturas. Talvez esse seja o caminho melhor para ir contornando até alcançar o alvo da questão.
ResponderExcluirEu achei o texto além de oportunista, pouco (para não dizer nada)científico.
ResponderExcluirUsa-se uma temática provocante na capa, e... segue-se cheio de falácias!
Discutir Javé fora do contexto de um Israel com suas intermináveis historias de cativeiros e guerras territoriais, bem como com o peso de suas incontaveis variações geopolíticas, além de suas doutrinações de origens proféticas, é, no mínimo, querer tratar perifericamente um tema que a própria história obriga a aprofundar!
Achei texto fraco, e cheio de pretenções insustetáveis!
A fé no Jehová israelense, é verdade, sofre várias outras influências, mas tratar disso na com o mero intuitoo de promoção de venda, é descaso se não para com a religião diretamente, ao menos para com quem a pensa ou professa!
Interessantíssima a explicação do nascimento dos deuses, sempre à semelhança dos homens, até hoje, e nunca diferente disso. Não sei determinar quais mitilogias da criação são anteriores ou posteriores à judáica, mas o mimetismo entre elas, saltam aos olhos. Não são espontâneos, antes, são fisiológicos. A formação de um concelho de deuses gregos, que se encolhe para três, e se unifica em um, absoluto, transmitido aos romanos, apenas com mudança de nomes, mas com as mesmas ordenações, hierarquias e predominância de um. A torá, excluido os exageros de Sherazade na cultura hebréia na gênese pós Noé, desde a caldéia, a Mesopotâmia, Babilônia, Siria, Líbano, Filístia, é um grande caudal de História, sem sacralidade, a tentativa de afirmação de nacionalidade e o gens antipático, até hoje, de um povo singular, com Deus seu e lhes prometendo primícias todo o tempo, numa mega mitilogia, que ao que parece, Javé continua presente, para êles. O Cristo, não lhes diz respeito. De qualquer modo, ambos os povos têm conceitos míticos sôbre a divindade. Êles usam os cinco sentidos para apreenderem Deus, e isso é utopia. Deus é instinto pangeral, como a criança tem mêdo de escuro, o adulto ansia por êle, numa confiança patética segura em talismãs e coisas do gênero. É nesse caldo que o Deus vive sem ter nascido, prá não ter fim. Veja-o pregressamente e se confundam todos, imaginem-no no futuro e a perspectiva dupla nos confundirá novamente, na junção em uma linha única. Deliremos, devaneiamos e veremos mentiras-verdadeiras e verdades-mentirosas, e não haverá pecado nisso, é a paixão humana querendo religar o círculo da vida, ida e volta, na figura geométrica mais perfeita de uma inspiração inesplicável. Assim penso, como filósofo raso.
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