22 de mar. de 2010

COMO É MESMO O NOSSO MESTRADO?!

O douto mestre e grande amigo, Jorge Cândido, esteve presente em quase todas as defesas de dissertações do nosso Mestrado. Mesmo quando não estava lá no auditório, sentia-se muitas vezes a sua presença na correção dos textos e na assessoria aos mestrandos. Então outro dia lhe pedimos para aproveitar as notas do seu caderno e fazer um balanço da nossa produção acadêmica: como vai o Mestrado em Ciências da Religião da UNICAP? Quais os frutos do seu festim científico?

A resenha que o nosso "observador privilegiado" fez das dissertações ficou tão boa, que os estudantes resolveram publicá-la integralmente como primeiro artigo da sua Revista Paralellus (onde, aliás, ainda estão recebendo textos pro número inaugural). Vamos aqui transcrever o intróito feito por Jorge, como aperitivo da Revista e preito de gratidão a esse velho colaborador e amigo de todos nós do Mestrado - sempre disposto a compartilhar sapiência pelos bancos e bancas da Católica, diuturnamente pronto pra nos ajudar a rejuvenescer o espírito e fazer festa da vida (as belas fotos de Jorge são do nosso estudante Carlos Vieira).

SENTIR, PENSAR E DIZER O QUE É O MESTRADO DE CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

O sentir, o pensar e o dizer apresentam, profunda e gradativamente, um processo, uma trajetória, em toda e qualquer intercomunicação, entre os seres humanos, conduzindo à ação intersubjetiva.

Igualmente, algo semelhante, guardadas as devidas proporções, ocorre, no diálogo, na relação dialética do homem com a realidade, “sic dicta”, objetiva, exterior, embora, essa realidade não SINTA, nem PENSE, mas diz muita coisa, como afirma, filosófica e poeticamente, Husserl, com as noções de “NOESIS” e de “NOEMA”, os aspectos SUBJETIVO e OBJETIVO, respectivamente, da vivência do ser humano.

O aspecto subjetivo – a “NOESIS” – que tentarei contribuir, pelos menos, pelos meus atos de compreensão que visam a apreender os elementos essenciais do Mestrado de Ciências da Religião, em si mesmo, como eu o percebo, elaboro, dele, minhas lembranças, imagino-o, com toda empatia.

O Noema desta vivência, deixo aos mestres, através de suas Dissertações, a tarefa de apresentá-lo.

Se as concepções filosófico-poéticas de Husserl parecerem sofisticadas, seja-me permitido pedir ajuda ao poeta filósofo Carlos Neto, pseudônimo do Cardeal Dom Augusto Álvaro, pernambucano, Cardeal Primaz de Salvador – Bahia, em seu livro Cânticos de Fé, ele, como eu, instado a escrever algo que envolve muita emoção. Ele, para o álbum de pensamentos de uma sobrinha neta e eu, sobre o Mestrado de Ciências da Religião... meu sobrinho, também, a seu modo.

“ESCREVER PENSAMENTOS? / QUEM ME DERA! / NA ARTE DO BEM-QUERER / É MAIS FÁCIL SENTIR / DO QUE PENSAR / E PENSAR / DO QUE DIZER”.

Nessa perspectiva – do recurso à estratégia do supracitado poeta – seja-me concedido desenvolver um estilo, apresentar, como venho fazendo, uma linguagem informal, através do emprego do pronome da primeira pessoa, por tratar-se de reflexões, ora tímidas, ora atrevidas, mas, sempre, cândidas, mais na linha do SENTIR, PENSAR do que na dimensão do DIZER.

Aliás, etimologicamente, ao menos para Cícero, SENTIR e PENSAR são verdadeiros sinônimos: “FIERI POTEST, UT QUIS RECTE SENTIAT”, isto é, “Pode dar-se que alguém pense retamente”.

Quem vai DIZER / ESCREVER é o Mestre, são os Mestres, em Ciências da Religião, através de citações, diretas e/ou indiretas, extraídas, cuidadosa e entusiasticamente de suas Dissertações, defendidas perante o Mestrado de Ciências da Religião da Universidade Católica de Pernambuco.

É gratificante constatar – SENTIR / PENSAR – que o supramencionado mestrado vem consubstanciando a Missão e a Visão que caracterizam a Companhia de Jesus, “um fogo que acende outros fogos”: “A Companhia de Jesus, durante quase quinhentos anos, conduz uma chama no meio de inumeráveis circunstâncias sociais e culturais, que a desafiaram intensamente a mantê-la viva e a arder. Hoje, as coisas não são diferentes. Num mundo que oprime as pessoas com uma multiplicidade de sensações, idéias e imagens, a Companhia procura manter viva a chama de sua inspiração original, de maneira a oferecer luz e calor aos nossos contemporâneos” (reflexões – modos de SENTIR) PENSAR – sobre a Missão e a Visão da Companhia de Jesus, extraídas do “DECRETO 2 – UM FOGO QUE ACENDE OUTROS FOGOS – Redescobrir o nosso carisma).

Missão e Visão, FOGO QUE ACENDE OUTROS FOGOS, que caracterizam a Universidade Católica de Pernambuco, expressas, no seu – da referida Universidade Católica de Pernambuco – Estatuto, no Capítulo II, Artigo 5º “caput”.

“A UNICAP, na sua missão de preservar (acrescento: “manter viva a chama de sua inspiração original”...), elaborar e transmitir o conhecimento em ordem a formar o ser humano que exerça uma atitude construtiva a serviço de sua comunidade e de sua região (visão:...“a Companhia procura manter a chama de sua inspiração original, de maneira a oferecer luz e calor aos nossos contemporâneos...”), terá por fim:

“[... IX: fortalecer a paz e a solidariedade, mediante a educação libertadora de uma consciência mais profunda do sentido do homem e da meta final da história...]

(...) Não é demasiado repetir, a título de fechamento dessa parte das reflexões, intituladas SENTI(R) PENSEI(AR): O Mestrado de Ciências da Religião se constitui em um verdadeiro Instituto (de primeira linha), no verdadeiro sentido sociológico do termo, o qual apresenta uma afinidade de vocabulário (maior, ainda, do que ocorre com o DECRETO 2 e com o Estatuto da Católica) com a Carta de Princípios da INSTITUIÇÃO “Universidade Católica de Pernambuco (que) busca, continuamente, aperfeiçoar-se para, assim cumprir “sempre melhor” (“data venia” para o acréscimo – “ad altiora”) a tarefa que lhe compete como instituição cristã. Para isso, envolve todos os que participam de sua missão”.

A Carta de Princípios continua... “instituição católica, no sentido pleno de palavra (...). Ecumênica e pluralista: abriga professores, administradores e alunos que encontram no seu interior, espaço para livre expressão de suas crenças, reciprocamente, respeitados”, elementos constitutivos da Católica que figuram, sem exceção, nas dissertações do seu Mestrado em Ciências da Religião...
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Jorge Cândido de Lima

é graduado em Ciências Sociais (1966) e fez mestrado em Sociologia da Religião e Sociologia da Família pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (1968). Desde 1975 é professor da Universidade Católica de Pernambuco e assessor da ASSEPLAN. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia da Religião.

Um comentário:

  1. Querido Professor Jorge Cândido, muitas saudades! Um carinhoso abraço, Sandra Valéria

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