Padre Clóvis, jesuíta da UNICAP, dá notícia do estado do Padre Toninho, nosso professor nos estudos de Missiologia em São Paulo, ex-presidente da SOTER e patriarca brasileiro da inculturação do cristianismo entre o povo afro-negro-brasileiro:
Companheiros, companheiras,
Axé!
Ontem, no inicio da noite, recebi um telefonema de Cristina, amiga e "discípula" do PADRE TONINHO, a respeito da situação de saúde dele.
Na fila de espera para a realização de um transplante de rins, Toninho sofreu [enquanto visitava Parapuã, sua querida cidade natal!] um Acidente Vascular Cerebral (AVC) de proporções gravíssimas; foi operado na cidade de Marília, por um dos melhores neuro-cirurgiões do país [também este um de seus "filhos espirituais”; Toninho foi seu "diretor espiritual”, assistiu seu casamento e batizou-lhe os filhos!]; permanece, pois aí nesta cidade.
As chances de uma reversão do quadro agudo são pouquíssimas, numa escala de "um por cento”. Só nos restam a ORAÇÃO e a SOLIDARIEDADE: seus irmãos e irmãs devem saber [e essa é uma BOA NOTÍCIA, neste tempo de ADVENTO] que nós o amamos muito e somos gratos(as), por tanto bem que ele nos faz!
Nestes dias a Coleção "OS NEGROS", da editora Caros Amigos, no fascículo de nº12, traz uma "matéria" com o título: "Padre Toninho e o resgate da cultura afro em São Paulo"; entre outras coisas, lá, está dito: "Esse senhor de quase 61 anos,de fala mansa,que procura se adequar precisamente às palavras,frisa que o bairro do Bexiga,em seus primórdios,décadas 20 e 30,era habitado por duas comunidades marginalizadas. Os negros recém saídos da escravidão e os italianos do Sul da Itália. 'Eu vim para a Achiropita com essa preocupação' (...) Padre Toninho passou a fazer contato com as raízes negras da região,terreiros de Candomblé e Umbanda e a Escola de samba Vai-Vai. Passou a freqüentar esses locais,incitando seus componentes mais importantes a participar também,acentuando o sincretismo da pastoral (...) Para ele 'a fé não deve eliminar a cultura. Ao contrário,deve ser celebrada a partir da cultura. Sendo assim, a Igreja Católica chamou isso de inculturação da fé' (...)"
Padre Antonio Aparecido da Silva carrega em seu nome tradições religiosas eivadas das "religiosidades afro-brasileiras”: Antonio que recorda para o povo negro de Salvador, o "pão dos pobres" e "terça da benção”; Aparecida, nossa "negra Mariama”, a soberana Quilombola, a Yalorixá da Palestina, mãe e educadora de Jesus, o "Moreno da Galiléia”; Silva do povo, da simplicidade e da "resiliência", que nos faz re-nascer constantemente, fazendo "das tripas coração"!
Salve Toninho! "Patriarca da Pastoral Afro-Brasileira" e da "Comunidade Negra"
Neste tempo de Natal, podemos afirmar: Padre Toninho, ajudou Deus a se encarnar, em nossa "negra história”; Nas favelas (novos "bantustões”, das cidades partidas do Brasil Não-Nação), nos morros, nos alagados, nos cortiços, nos "conjuntos habitacionais para pobres" e nos mocambos, Deus se faz um de nós... DEUS É NEGRO! DEUS É NEGRA!
Nos "NOVOS QUILOMBOS”, celebrando a vida e fazendo a história; este ano o Natal do Senhor, terá um "negro sabor”; sabor de militância e ternura, de aconchego e Axé!
Ainda mais uma vez, padre Toninho nos ensina a penetrar no "mistério da encarnação de Deus”.
Neste tempo de Natal, permaneçamos unidos(as) em oração, afrobrasileiramente implorando, que venha até nós "o sol da justiça”.
Do fundo do coração,
um XÊRO QUILOMBOLA,
Pe. Clóvis Cabral, SJ.
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ps.: Padre Toninho faleceu neste dia 17 de dezembro...
surge mais uma estrela em nosso céu... e ela é ridente!
Veja aqui homenagem ao Padre Toninho no YouTube.
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