12 de nov. de 2009

RELIGIÕES AFRO NA SEMANA NEGRA


Por Rebeca Kramer no Boletim UNICAP
Na noite desta quarta-feira (11), a II Semana da Consciência Negra promoveu, no auditório G1 da Universidade Católica de Pernambuco, a mesa-redonda intitulada Religiões no Plural: Candomblé, Xangô, Jurema e Umbanda. A mesa, coordenada pelo professor da Unicap Sérgio Sezino, foi, ainda, composta pelo secretário executivo da Coordenadoria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Cepir), Jorge Arruda; pelo membro do Centro Cultural Malunguinho, Alexandre Lomin; e pela juremeira mãe Elza Torres da Silva.

Na ocasião, Alexandre procurou explicar as particularidades que envolvem os ritos da Jurema, bem como distingui-las de outras pluralidades religiosas. O membro do Centro Cultural Malunguinho ressaltou que as áreas mais significativas na tradição do culto são aquelas em que, por mais tempo, persistiram a identidade e a memória indígena afrodescente. “Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Sergipe são os estados onde a Jurema é mais forte”, expôs.

Alexandre salientou que Jurema não é o mesmo que Umbanda e que cada uma tem sua identidade própria, muito embora a Jurema realmente tenha passado por um processo de umbandização. “O cachimbo é um elemento que nos diferencia de outras religiões”, disse. Alexandre explicou que a Jurema é uma árvore típica do Sertão, cujas raízes produzem o vinho tradicionalmente bebido durante as sessões, sendo, portanto, o símbolo maior do culto. Ele ainda mencionou outros símbolos religiosos como fumos variados, as princesas, a água e o maracá. “Um símbolo indígena que se mantém forte e chama a espiritualidade”, salientou.

O palestrante também fez alguns registros históricos que, de alguma forma, marcaram o preconceito para com as religiões afro. “Em 1741, o governador da Capitania de Pernambuco, Dom João V, informava sobre a prisão de índios feiticeiros na Capitania da Paraíba. Em 1758, de um índio da aldeia Mepitu, do Rio Grande do Norte, preso por ter feito adjunto de Jurema - bebidas derivadas de ervas do sertão, considerada uma bebida narcótica”, contou. Ele definiu, também, o conceito de Malunguinho. “Entidade do culto da Jurema sagrada. Divindade patrona do culto considerado e Rei das matas de Pernambuco. O Malunguinho da Jurema tem o poder de tirar os estropes do caminho ou colocá-los”, explicou.

Segundo o membro do Malunguinho, a Macumba costumava ser um instrumento africano cujas pessoas que tocaram era denominadas macumbeiras. “Assim como Catimbó e o Xangô, a Macumba é um nome que traz uma carga de preconceito muito grande e, então, caímos, historicamente, nesses equívocos”, relatou.

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