Por Rebeca Kramer, no Boletim UNICAP.
Na noite de sexta-feira (13), aconteceu, na capela da Universidade Católica de Pernambuco, a missa de encerramento da programação da II Semana da Consciência Negra, presidida pelo Padre Clóvis Cabral, SJ. O evento promoveu a celebração da Páscoa de Cristo na Páscoa do Povo Negro, com cânticos católicos e africanos, além de danças oriundas de tradições afro-descendentes.
Na ocasião, o Padre Lúcio Flávio levou sua turma de Teologia para prestigiar o evento. Ele comentou que o desenvolvimento de uma atividade que proporciona o diálogo inter-religioso, como o promovido pela Universidade Católica, é algo muito importante para a construção humana. “A Universidade, apesar de ser jesuíta, enriquece a identidade Católica Cristã com um evento como esse, que deveria constar cada vez mais na sociedade. Afinal, o religioso deve estar sempre na pluralidade”, colocou. Ainda para Padre Lúcio, o preconceito contra outras religiões decorre da dificuldade que as pessoas têm em lidar com o diferente. “Elas encaram religiões diferentes como algo que mete medo e, assim, acabam por hostilizá-las e ignorá-las. E é justamente esse medo o que não querem confrontar”, complementou.
A coordenadora do curso de Serviço Social, professora Vitória Machado, considera a iniciativa da Universidade “extraordinária”, de, pela segunda vez, promover o evento da Consciência Negra no campus. “A Católica leva uma marca de pioneirismo nessa preocupação de discutir o tema dos preconceitos raciais e da pluralidade cultural. Inclusive, pela criação do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros, o Neabe, que abre as portas para a sociedade civil lutar pela superação das desigualdades econômicas e raciais”, contou. A professora Vitória ainda ressaltou a importância dos acadêmicos contribuindo com essa luta, uma luta que, na sua concepção, “poderia ser maior”. “A abolição de preconceitos só será resolvida a partir do momento em que houver o seu reconhecimento. Depois, é partir para a conscientização de um processo social que ainda está tardando em acontecer”, disse.
Surama Reis era cardecista. Mas, por motivos pessoais, no momento encontra-se sem religião. Mantém, entretanto, um carinho muito forte pelas religiões de origem africana, especialmente o candomblé. Segundo Surama, que integra o grupo musical Ori Yaba, que quer dizer cabeça de mulher, ou todo aquele que tem um orixá feminino no seu Ori, a valorização da religião africana está “na forma como cultua e se identifica com a natureza”. Durante a programação da II Semana da Consciência Negra, ela participou ativamente do evento, cantando músicas, inclusive de sua autoria. “Já canto há muito tempo. Cantei no primeiro casamento afrocatólico do estado de Pernambuco, há oito anos”, falou.
Surama revelou ser muito importante a iniciativa da Universidade Católica de Pernambuco “porque não é todo dia que se pode levar a cultura afrodescendente até as pessoas”. Para ela, fazer com que as pessoas tenham conhecimento da cultura afro não se restringe a simples visitas a casas de candomblé e a interpretações de danças, mas também é preciso o conhecimento intelectual. “Somos eternos e fabulosos pesquisadores. Eu mesma, a partir do momento que componho, trago nas minhas letras aquilo que eu li, que eu aprendi, que eu puxei da memória”, salientou. E prosseguiu: “Eu costumo dizer que eu canto 1000% para que o público me aplauda 10%. A gente sabe que as pessoas são muito exigentes, mas o mínimo de retorno já me deixa satisfeita”.
Surama expôs que, incrivelmente, há textos que ela escreve que não sabe de onde os tirou, pois tem certeza de que nunca teve acesso àquele conteúdo. “Isso vem de Deus e dos orixás. Teve uma música, mesmo, a Iemanjá Sabá, que significa a mais ligada a Xangô, que eu não entendo de onde tirei”, afirmou, frisando que as canções que cria “são seu presente”.
Na noite de sexta-feira (13), aconteceu, na capela da Universidade Católica de Pernambuco, a missa de encerramento da programação da II Semana da Consciência Negra, presidida pelo Padre Clóvis Cabral, SJ. O evento promoveu a celebração da Páscoa de Cristo na Páscoa do Povo Negro, com cânticos católicos e africanos, além de danças oriundas de tradições afro-descendentes.
Na ocasião, o Padre Lúcio Flávio levou sua turma de Teologia para prestigiar o evento. Ele comentou que o desenvolvimento de uma atividade que proporciona o diálogo inter-religioso, como o promovido pela Universidade Católica, é algo muito importante para a construção humana. “A Universidade, apesar de ser jesuíta, enriquece a identidade Católica Cristã com um evento como esse, que deveria constar cada vez mais na sociedade. Afinal, o religioso deve estar sempre na pluralidade”, colocou. Ainda para Padre Lúcio, o preconceito contra outras religiões decorre da dificuldade que as pessoas têm em lidar com o diferente. “Elas encaram religiões diferentes como algo que mete medo e, assim, acabam por hostilizá-las e ignorá-las. E é justamente esse medo o que não querem confrontar”, complementou.
A coordenadora do curso de Serviço Social, professora Vitória Machado, considera a iniciativa da Universidade “extraordinária”, de, pela segunda vez, promover o evento da Consciência Negra no campus. “A Católica leva uma marca de pioneirismo nessa preocupação de discutir o tema dos preconceitos raciais e da pluralidade cultural. Inclusive, pela criação do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros, o Neabe, que abre as portas para a sociedade civil lutar pela superação das desigualdades econômicas e raciais”, contou. A professora Vitória ainda ressaltou a importância dos acadêmicos contribuindo com essa luta, uma luta que, na sua concepção, “poderia ser maior”. “A abolição de preconceitos só será resolvida a partir do momento em que houver o seu reconhecimento. Depois, é partir para a conscientização de um processo social que ainda está tardando em acontecer”, disse.
Surama Reis era cardecista. Mas, por motivos pessoais, no momento encontra-se sem religião. Mantém, entretanto, um carinho muito forte pelas religiões de origem africana, especialmente o candomblé. Segundo Surama, que integra o grupo musical Ori Yaba, que quer dizer cabeça de mulher, ou todo aquele que tem um orixá feminino no seu Ori, a valorização da religião africana está “na forma como cultua e se identifica com a natureza”. Durante a programação da II Semana da Consciência Negra, ela participou ativamente do evento, cantando músicas, inclusive de sua autoria. “Já canto há muito tempo. Cantei no primeiro casamento afrocatólico do estado de Pernambuco, há oito anos”, falou.
Surama revelou ser muito importante a iniciativa da Universidade Católica de Pernambuco “porque não é todo dia que se pode levar a cultura afrodescendente até as pessoas”. Para ela, fazer com que as pessoas tenham conhecimento da cultura afro não se restringe a simples visitas a casas de candomblé e a interpretações de danças, mas também é preciso o conhecimento intelectual. “Somos eternos e fabulosos pesquisadores. Eu mesma, a partir do momento que componho, trago nas minhas letras aquilo que eu li, que eu aprendi, que eu puxei da memória”, salientou. E prosseguiu: “Eu costumo dizer que eu canto 1000% para que o público me aplauda 10%. A gente sabe que as pessoas são muito exigentes, mas o mínimo de retorno já me deixa satisfeita”.
Surama expôs que, incrivelmente, há textos que ela escreve que não sabe de onde os tirou, pois tem certeza de que nunca teve acesso àquele conteúdo. “Isso vem de Deus e dos orixás. Teve uma música, mesmo, a Iemanjá Sabá, que significa a mais ligada a Xangô, que eu não entendo de onde tirei”, afirmou, frisando que as canções que cria “são seu presente”.
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