“Bendita sejas, impenetrável matéria, tu que és tensão entre nossas almas e o mundo das essências e nos fazes definhar com o desejo de romper o véu dos fenômenos. Bendita sejas, matéria imortal. Tu, que, desagregando-te um dia em nós, nos induzirás, forçosamente, no íntimo daquilo que é. Sem ti, matéria, sem teus combates, sem teus dilaceramentos, viveríamos inertes, estagnados, pueris, ignorantes de nós mesmos e de Deus. Tu que feres e que curas, tu que resistes e que cedes, que aprisionas e libertas, tu que desmoronas e constróis, seiva de nossas almas, mãe de Deus, carne de Cristo, matéria, eu te bendigo” (Teilhard de Chardin. L’hymme de l’univers).
Faleceu nesta quarta, dia 10, vítima de ataque cardíaco, o nosso ex-estudante Dirson Maciel de Barros. Dirson era mestre em CIÊNCIAS DA RELIGIÃO pela Universidade Católica de Pernambuco, possuía LICENCIATURA EM FILOSOFIA pela UNICAP, BACHARELADO EM DIREITO pela Faculdade de Direito de Olinda e GRADUAÇÃO em TEOLOGIA pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. Era professor de Filosofia e Geografia da Faculdade de Formação de Professores de Goiana, Goiana-PE.
Orientado pelo prof. Marcos Costa, Dirson defendeu em nosso Mestrado a dissertação "Criacionismo e Evolucionismo: uma possibilidade de equilíbrio a partir do transformismo de Teilhard Chardin". Por isso, bem podemos consultar o seu mestre sobre esse momento... Teilhard compara a morte com um limiar. Em L’esquisse d’un univers personnel, primeiro fala dos sofrimentos humanos e depois pergunta: “Como se apresenta a morte num universo pessoal, que aqui esquematizamos?” Sua resposta é decidida e lapidar: “como uma metamorfose”. A morte é apenas a passagem para um novo estado mais perfeito. Não é um fim. E dá, então, um sinal positivo a uma coisa geralmente considerada como negativa ou neutra...
Com esse espírito, convidamos os seus colegas da terceira turma e todos os amigos do nosso Mestrado para uma celebração em memória de Dirson, na capela da UNICAP, próxima quarta-feira, dia 17, às 18 horas.
“Mas, agora eu vejo. Para te atingir, matéria, é preciso que, partindo de um contato universal, com tudo o que se move, sintamos, pouco a pouco, esvair-se entre nossos dedos, as formas particulares de tudo que seguramos, até que retenhamos, apenas, a única essência de todas as consistências e de todas as uniões. Se quisermos te possuir, temos que te sublimar na dor, após te termos, voluptuosamente, apertado nos braços. Tu reinas, matéria, nas serenas alturas, onde imaginam evitar-te os santos. Carne tão transparente e móvel que não te distinguimos mais de um espírito. Leva-me para o alto, matéria, pelo esforço, a separação e a morte. Leva-me para onde for possível, enfim, abraçar castamente o universo”(Teilhard de Chardin. L’hymme de l’univers. Oeuvres complètes. Paris: Éditions du Seuil, 1962).
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