Seminário discute a condição humana na atualidade
Já estão abertas no Centro Josué de Castro, Estudos e Pesquisas, na R. de São Gonçalo 118, na Boa Vista, as inscrições para o Seminário Mutações - A Condição Humana, que ocorrerá de 25 de maio a 5 de junho, com a curadoria de Adauto Novaes. Serão dez palestras com especialistas reconhecidos nacionalmente, que a partir de diferentes ângulos, questionam os caminhos e descaminhos atuais da condição humana.
AS CONFERÊNCIAS:
19h, 25 de maio, 2ª feira - A INVENÇÃO DO PÓS-HUMANO - FRANKLIN LEOPOLDO E SILVA - professor de filosofia da USP. Para que a impossibilidade de dominar o movimento e a mudança de tudo não nos angustie, empenhamo-nos em tentativas de traduzir a contínua transformação inerente ao processo de existir em uma vida realizada. Contudo, percebemos que os movimentos que instabilizam sem cessar nossa subjetividade são provocados por poderes invisíveis, anônimos, sem densidade suficiente para que pudéssemos enfrentá-los. Nesse cenário difícil, a condição humana mostra sua heteronomia ética, sua desintegração política, sua alienação histórica e sua fragmentação subjetiva.
19h, 26 de maio, 3ª feira - O QUE MANTÉM UM HOMEM VIVO? (II): NOVOS DEVANEIOS SOBRE ALGUMAS TRANSFIGURAÇÕES DO HUMANO - RENATO LESSA - professor de teoria política do Iuperj e da UFF. Para pensar as possibilidades políticas dentro da lógica, um tanto ilógica, das mutações, parece não haver metáfora mais pertinente do que a do naufrágio e, por conseguinte, da navegação. Ambas tão antigas quanto a linguagem; ambas que não param de ecoar até hoje, no pensamento de um Hans Blumenberg por exemplo. Há que se descobrir, hoje, costas e ilhas, portos e alto-mar, velas e lemes, faróis e pilotos...
19h, 27 de maio, 4ª feira - O NÃO-LUGAR DO HUMANO - JOÃO CAMILLO PENNA - professor de Literatura Comparada e Teoria Literária da UFRJ. É exatamente quando se está perdido em meio a mutações que as utopias, como direções em um mapa, tornam-se necessárias. Na falta delas, hoje, cabe, então, procurar saber o que são; historiá-las. Por ora, pode-se adiantar que uma utopia é o que se dilui assim que se torna projeto; é, portanto, como indica a etimologia da palavra, um não-lugar. De Thomas Morus, claro, até maio de 1968, muitos serão os autores abordados.
19h, 28 de maio, 5ª feira - SOBRE A POTÊNCIA POLÍTICA DO INUMANO: RETORNAR À CRÍTICA AO HUMANISMO - VLADIMIR SAFATLE - professor de filosofia da USP. É cada vez mais aceito certo diagnóstico de época que determina o presente como era do esgotamento da humanidade do homem, ou seja, esgotamento dos atributos que o projeto filosófico da modernidade forjou para definir o humano: autonomia reflexiva, autodeterminação, imputabilidade moral e individualidade singular. Em vez de buscar a atualização de regimes de humanismos, buscaremos mostrar como a modernidade foi também o espaço das experiências de confrontação com o inumano.
19h, 29 de maio, 6ª feira - MARX E A CONDIÇÃO HUMANA - FRANCISCO DE OLIVEIRA - professor de sociologia da USP. O materialismo marxista construiu sobre o trabalho o fundamento do humano. Ou seja: o homem de Marx é, antes de tudo, produto de sua força, em busca da reprodução. Com o fim das utopias, a desqualificação do trabalho e uma época em que o produtor é subjugado pelo seu produto, imperativo e indomável, a pergunta, dentro dos termos mais marxistas, é: o que será a condição humana?
19h, 1º de junho - 2ª feira - IDENTIDADES IRRECONHECÍVEIS - OSWALDO GIACOIA JÚNIOR - professor de filosofia da Unicamp. A conferência discutirá o pensamento foucaultiano, que em meados da década de 1960 registrava a datação recente do aparecimento do homem como problema colocado para o saber. Dizia então Foucault que "o homem é uma invenção da qual a arqueologia de nosso pensamento mostra facilmente a data recente. E talvez o fim próximo". Em seus últimos cursos no Collège de France, Foucault experimenta novas reflexões sobre o governo dos vivos, sobre o exercício da política em termos da direção das condutas, retornando aos primeiros anos da era cristã e às práticas ascéticas como tecnologias de si próprio.
19h, 02 de junho, terça-feira - HOMO CIVILIS (OU HOMO SAPIENS 2.0) - LUIZ ALBERTO OLIVEIRA - doutor em cosmologia e pesquisador do Icra e do CBPF. Se a teoria da seleção natural de Darwin tratou de associar o desenvolvimento dos seres vivos a uma dupla contingência: a deriva dos caracteres genéticos e a adaptação ao âmbito bio-ecológico, a civilização técnica, hoje em seu auge, aponta para uma espécie de nova evolução, não-natural, decorrente da manipulação de células, órgãos e organismos e da fusão do carbono com o silício.
19h, 03 de junho - 4ª feira - SOBRE AS TESES DA MORTE DO HOMEM, DO FIM DO SUJEITO E DO ESGOTAMENTO DA FILOSOFIA - ANTONIO CICERO - poeta e filósofo. Na esteira dos muitos arautos da morte do homem na modernidade, Foucault vai dizer que Nietzsche, tendo constatado a morte de Deus, mostrou que a ela não correspondia o aparecimento, mas o desaparecimento do homem. Se, de um lado, tomar o homem como um universal consiste em atribuir mesma essência a todos os homens, o que é também um artifício através do qual as classes dominantes do Ocidente têm racionalizado seu imperialismo econômico e sua imposição etnocentrista, por outro lado, considera-se também que tal "morte do homem" corresponde ao fim da "metafísica moderna", segundo o pensamento heideggeriano. Por último, será examinada a questão de que os progressos da biotecnologia vêm conferindo uma nova e grave dimensão ao problema, pois permitem contemplar a eventual mutação da própria espécie humana.
19h, 04 de junho, 5ª feira - A CONTIGÊNCIA DO NOVO - NEWTON BIGNOTTO - professor de filosofia da UFMG. Em 1958, Hannah Arendt publicou aquela que seria uma das obras mais importantes da filosofia política de nosso tempo: A condição humana.. Nossa preocupação na conferência não será a de recuperar toda a complexidade do pensamento arendtiano, mas refletir sobre a maneira como as constantes inovações das ciências e da técnica alteram nossa compreensão do humano e destroem certezas arraigadas em nossa cultura. Para Arendt, a condição humana define-se por sua existência na história. Isso implica dizer que não podemos nos recusar a identificar as mutações de nossa época, em nome de uma concepção do humano definido somente por suas características inatas.
19h, 05 de junho, sexta-feira - AQUILO DE QUE O HUMANO É INSTRUMENTO - DESCARTÁVEL - EUGÊNIO BUCCI - jornalista e professor da ECA-USP. Estaria o discurso genético refundando a metafísica ou, ao menos, estabelecendo outra metafísica: a genética? Há indícios disso. O comportamento humano, ultimamente, já não se explica mais pela divina providência ou pela determinação do meio, pelo espírito ou pelo que materialismo: ele se deixa escrutinar pelos cromossomos, desde a infidelidade conjugal até o fenômeno social.
SERVIÇO:
Inscrições - Centro Josué de Castro, Estudos e Pesquisas, R. de São Gonçalo 118, Boa Vista, Recife-PE, (81)34232800
Custo - R$ 30,00 e R$ 15,00 para estudantes e maiores de 60 anos
Local e hora de realização - Memorial de Medicina de Pernambuco, Pç. Octávio de Freitas, 2006, Derby, (81) 34236539, sempre às 19h.
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