Deu no Jornal do Commercio e na Folha de Pernambuco de hoje que, amanhã, parte pro Velho Mundo, com dois dos seus músicos, o artista pernambucano Silvério Pessoa, que é estudante especial do Mestrado em Ciências da Religião na UNICAP. Ele vai passar uns meses no sul da França, a convite da banda La Talvera, em um intercâmbio transmusical e intercultural, que inclui uma série de palestras e debates sobre etnomusicologia. É que lá, como em nosso Nordeste brasileiro e em regiões da Espanha e Itália, há elementos do idioma e da cultura occitânicos: Occitânia é uma das nações sem estado na Europa, com idioma materno próprio e dialetos derivados, partilhados ainda por cerca de 4 milhões de pessoas.
“O grande lance da música occitânica é o uso do acordeom, no caso deles, o diatônico, enquanto a gente usa o cromático. Tem também a questão do registro oral, que é muito forte por lá. De lá saíram os trovadores para Espanha e Portugal, quando aconteceram guerras e invasões e parte da região foi anexada pela França, que proibia o uso da língua occitânica. O Nordeste brasileiro recebeu a influência destes trovadores tanto pelos portugueses, quanto pelos espanhóis. Então, vamos pesquisar este DNA”, diz o cantor, acrescentando mais algumas outras semelhanças, nas danças, nas quadrilhas, no ciclo junino. Em vista dos seus estudos no Mestrado em Ciências da Religião na UNICAP, onde pretende se tornar estudante regular no próximo ano, Silvério também vai aproveitar para pesquisar a religiosidade na cidade francesa de Albi, sede do movimento dos cátaros, considerados hereges pela Igreja Católica e destruídos pelos cruzados. Coisas de um "outro mundo"... Occitânicas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela sua participação!