Recife, 12 de fevereiro de 2009
Dom Helder e Dom Távora: uma aliança de nordestinos
Por Rebeca Kramer, para o Boletim UNICAP
"Um sonho sonhado sozinho é apenas um sonho. Um sonho sonhado junto é o princípio de uma nova realidade” (Dom Helder)
“Dom Távora era a antena e eu era o alto-falante”, assim falou Dom Helder Câmara acerca de seu amigo e companheiro de lutas Dom José Vicente Távora. O curso de Teologia da Católica promoveu, nesta quarta-feira (11), um encontro entre o professor da Universidade Católica de Pernambuco Biu Vicente, o Padre Isaías do Nascimento e os interessados em conhecer um pouco mais sobre a relação de amizade que havia entre Dom Helder e Dom Távora. A palestra, intitulada “O Dom e o Outro: Histórias sobre Dom Helder e Dom Távora”, que aconteceu na sala 110 do bloco B da Universidade, teve início às 19h15, contando com a mediação do coordenador do Mestrado em Ciências da Religião, professor, Gilbraz Aragão.
Dom Helder, cearense de Fortaleza. Dom Távora, pernambucano de Orobó. Duas almas que se conheceram no Rio de Janeiro e lutaram juntos contra a fome, a miséria, as diferenças, contra o autoritarismo e a favor dos direitos humanos. “Eu não sei onde começa Dom Távora ou Dom Helder. Eles foram figuras religiosas que se propuseram a sofrer todo tipo de perseguição, críticas jornalísticas, acusações, mas não se desviaram de seu compromisso social. Eles moraram juntos. Começaram a conviver, e houve muita simpatia. Sempre que tinham inspiração, os dois partilhavam, não importando a hora do dia ou da noite. Eram como dois irmãos. Helder queria que as pessoas fizessem as coisas com sinceridade”, contou o Padre Isaías.
Helder chegou ao Rio de Janeiro em 1936; Távora, em 1941. Lá, eles continuaram desenvolvendo políticas de ajuda aos mais necessitados, como sempre fizeram: houve a criação do Banco da Providência (estimulando a solidariedade, colaborando com roupa, emprego e abrigo), de apartamentos populares, de campeonato de futebol nas favelas, da Fundação Leão XIII, da Cruzada São Sebastião (com a intenção de erradicar as favelas do Rio) etc. É de Helder a frase: “Ninguém é tão pobre que não tenha o que oferecer e ninguém é tão rico que não precise de ajuda”.
“Dom Helder foi um homem muito humano, íntegro, era integralista, mas mudou para ser do social. Mudou quando precisou mudar. Foi o primeiro a fazer a reforma agrária no Brasil. Sempre teve o apoio das mulheres, pois, para ele, a dignidade independia do sexo, da raça, de cor. Ele foi revolucionário num sentido positivo”, afirmou o estudante do curso de Teologia Iratan Dias (61), que conheceu Dom Helder na década de 80. E complementou o Padre Isaías: “Dom Távora era o Bispo dos operários -um homem além do tempo. Honrou o clero e resistiu firmemente até o fim aos constrangimentos impostos pelos tempos de ditadura”.
Ao final da palestra, aproximadamente às 20h45, o estudante de Teologia Eduardo Silva Carroll (29) prestou uma homenagem aos religiosos ao som do violão, com letra e música de sua autoria. A canção, com ritmo nordestino, foi por ele chamada: “Dom de ser irmão”. Na ocasião, houve a divulgação e a venda do livro “Dom Távora o bispo dos operários”, escrito pelo Padre Isaías, abordando a história política, religiosa e cultural de Sergipe quando, entre 1957 e 1970, Dom José Vicente Távora lá pregava como Bispo e Arcebispo de Aracaju. Também houve a divulgação da “Revista de Teologia e Ciências da Religião-O século de Dom Helder”, ambos ao preço de R$ 20.
É como diz o ditado: A união faz a foça.
ResponderExcluirE como diz a Bíblia: Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!
Essa é diferença que verdadeiramente faz o amor, se todos tivessem amor para com todos talvez não existiria tantas guerras e nem pessoas passando fome.
JESUS É LUZ...