14 de jun. de 2013

A FÉ TAMBÉM MOVE BOLAS

A revista de cultura de Pernambuco, Continente, neste mês de junho traz como dossiê de capa a questão do futebol e do seu torcedor e defende que, por trás de um grito de “gol!”, o ato de torcer por um time esconde um comportamento de significado muito mais complexo do que apenas acompanhar a equipe do coração. Entre as matérias que exploram a temática está a escrita por Álvaro Filho, "A fé move montanhas… e bolas de futebol", da qual oferecemos um trecho:

"O atacante do seu time se benze, o goleiro adversário abaixa a cabeça numa oração solitária, enquanto o juiz faz o sinal da cruz. Ao seu lado, na arquibancada, um torcedor se ajoelha para uma promessa que, provavelmente, não conseguirá cumprir. Mesmo de longe, você vê o técnico, lá embaixo, cruzando os dedos numa figa. O massagista beija uma medalhinha com a efígie de uma santa. No camarote da presidência, o dirigente pega o celular, liga para o babalorixá de confiança e faz um pedido que envolve sacrifício animal. Vale tudo. É decisão de campeonato. Quarenta e cinco do segundo tempo. A bola está na cal, na marca do pênalti. A fé move montanhas, mas será capaz de empurrá-la para dentro ou fora do gol?

É a pergunta que vale um milhão de dólares. O jornalista e ex-técnico da Seleção Brasileira, João Saldanha, disse certa vez que, se macumba ganhasse jogo, o Campeonato Baiano terminava empatado. Mas isso não evitou que o Náutico, durante a campanha do histórico hexacampeonato, em meados da década de 1960, contratasse um pai de santo para fazer frente ao número excessivo de baianos no elenco do rival Sport. O título veio e o trabalho de Pai Edu foi reconhecido pelos cartolas com “bicho” pela conquista, faixa de campeão, volta olímpica e foto oficial.

Cinco décadas depois, no início de 2013, o Santa Cruz, além de nutricionistas, fisiologistas, massagistas, médicos e preparadores físicos, requisitou também os serviços de um padre, durante sua pré-temporada, no pequeno município de Sairé, no interior de Pernambuco, que benzeu o elenco e os materiais esportivos. Dois dias depois, o religioso trocou a batina pela camisa tricolor e assistiu, da arquibancada, ao Santinha vencer o amistoso contra o Porto de Caruaru. Mas, se a ajuda divina vai ser suficiente para o time sair do “inferno” da Terceira Divisão, só o tempo dirá..."

Leia a matéria na íntegra na edição 150 da Revista Continente.

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