21 de dez. de 2012

UM PÁLIDO PONTO AZUL




Bom, minha gente, parece que sobrevivemos ao "fim do mundo" anunciado pra hoje, mas resta a possibilidade de uma reflexão, bem a propósito, sobre os destinos que estamos dando pra nossa Terra. Então, "Pálido Ponto Azul" é o nome de uma famosa fotografia do nosso planeta, feita pela sonda Voyager 1. Numa conferência em 11 de Maio de 1996, o astrônomo Carl Sagan falou sobre a histórica fotografia, tendo escrito também um livro (veja aqui) sobre os sentimentos que ela causou...

"Olhem de novo para esse ponto. Isso é a nossa casa, isso somos nós. Nele, todos a quem amamos, todos a quem conhecemos, qualquer um dos que escutamos falar, cada ser humano que existiu, viveu a sua vida aqui. O agregado da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares de religiões autênticas, ideologias e doutrinas econômicas, cada caçador e coletador, cada herói e covarde, cada criador e destruidor de civilização, cada rei e camponês, cada casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada mestre de ética, cada político corrupto, cada superestrela, cada líder supremo, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu aí, num grão de pó suspenso num raio de sol.

A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena cósmica. Pensai nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores, para que, na sua glória e triunfo, viessem a ser senhores momentâneos duma fração desse ponto. Pensai nas crueldades sem fim infligidas pelos moradores dum canto deste pixel aos quase indistinguíveis moradores dalgum outro canto; quão frequentes as suas incompreensões, quão ávidos de se matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.

As nossas exageradas atitudes, a nossa suposta auto-importância, a ilusão de termos qualquer posição de privilégio no Universo, são reptadas por este pontinho de luz frouxa. O nosso planeta é um grão solitário na grande e envolvente escuridão cósmica. Na nossa obscuridade, em toda essa vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de algures para nos salvar de nós próprios.

A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que alberga a vida. Não há mais algum, pelo menos no próximo futuro, para onde a nossa espécie possa emigrar. Visitar, pode. Assentar-se, ainda não. Gostemos ou não, por enquanto, a Terra é onde temos de ficar. Tem-se falado da astronomia como uma experiência criadora de firmeza e humildade. Não há, talvez, melhor demonstração das tolas e vãs soberbas humanas do que estar distante da imagem do nosso miúdo mundo. Para mim, acentua a nossa responsabilidade para nos portar mais amavelmente uns para com os outros, e para protegermos e acarinharmos o ponto azul pálido, o único lar que temos conhecido..."

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