14 de jul. de 2011

VIDA ALIENÍGENA, RELIGIÃO... E SACRIFÍCIO ANIMAL

Enquete: se for encontrada vida fora da terra...
+Isso será uma prova de que as nossas religiões são humanas e limitadas, porque os seus textos sagrados não revelam o fato (2%)
+Isso não contradiz a fé porque não há limites para a criação divina: como existem diversas criaturas na Terra, podem existir também outros seres, até inteligentes, criados por Deus em outros planetas (45%)
+Está tudo escrito no Gênesis: o que não está lá, não existe (26%)
+Será orgulho absurdo pretender que a vida e sobretudo vida inteligente e livre somente exista na Terra (28%)
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Neste semestre, 45 pessoas participaram da sexta enquete do nosso blog e os resultados percentuais estão acima. Trata-se de uma discussão motivada pelo anúncio da possibilidade de formas de vida em outros planetas, feito pelos cientistas recentemente. A primeira inferência, em torno da primeira resposta (pouco votada), é que os nossos leitores ou não ousam afirmar os limites humanos das religiões (há, há!), ou, pelo contrário, sabem quase todos que os textos sagrados trazem revelações "mais-que-naturais" dentro das possibilidades e limites de cada cultura e dos conhecimentos humanos sobre a natureza. Depois, por outro lado talvez (se não for uma provocação sacana dos nossos estudantes!), percebemos que um bom número (26%), ao optar pela terceira resposta, manifesta uma teologia fundamentalista e exclusivista ("o que minha bíblia não diz, não existe e pronto")... Como se os livros sagrados fossem escritos para descrever os céus - e a terra - e não para nos "levar pro céu"!
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A maioria, porém, ao escolher a segunda (45%) e a quarta resposta (28%), demonstra que compreende uma criação em processo evolutivo e múltiplo, em combinação com a moderna cosmologia de multiversos ("podem existir também outros seres, até inteligentes, criados por Deus em outros planetas"). E quem votou na última resposta certamente nem sabia, mas tava referendando a opinião de Dom Helder. Quando já tinha 72 anos e estava se aposentando, ele escreveu a um amigo revelando ainda acalentar três sonhos: o primeiro era de, como Igreja, colaborar na integração latino-americana, para ajudar os pobres desses países irmãos a conquistarem independência econômica e cultural.
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.O segundo sonho era de tornar possível - nem que fosse “ajudando da Casa do Pai” - a realização do Concílio de Jerusalém II, para transformação da Cúria Romana, de modo a tornar-se, efetivamente, serviço à colegialidade episcopal e à corresponsabilidade de todo o Povo de Deus, para “libertar-se da engrenagem do dinheiro e da tentação de prestígio, e viver o anúncio da Boa-Nova com salvaguarda efetiva das culturas, no meio das quais o Espírito de Deus sempre semeou verdades cristãs que se ignoravam”. Até aí, por mais escândalo que isto já provoque, tudo bem: era de se esperar do velho Dom. Mas vejam o terceiro sonho:
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“... diálogo autêntico com os mundos dos mundos: nós sabemos que a galáxia a que pertencemos está longe de ser das maiores. Nosso Sol, que nos parecia imenso, é de sexta ou sétima ordem. Nossa Terra é poeira na cavalgada dos Astros. Como cristãos, jamais esquecemos que o Filho de Deus se encarnou em nossa Terra, pequenina e humilde. Mas como insistir em pensar que o Criador, infinitamente sábio e poderoso, criou bilhões de estrelas, milhões de vezes maiores do que a Terra, só para ficarem a enormes distâncias cintilando para a alegria do olhar humano! Será orgulho absurdo pretender que a vida e sobretudo vida inteligente e livre somente exista na Terra. Deve haver, nos mundos dos mundos, Vida no nível da nossa, Vida abaixo e Vida acima do nível da nossa. O problema para a criatura humana seria atingir mundos tão distantes...” (Diário de Pernambuco, 7/5/2000).
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E o Dom sai por aí sonhando em se relacionar com outros mundos: “Ainda hoje, há quem duvide da descida do homem na Lua. Há quem diga que se é verdade (a chegada à Lua) é sinal do fim do Mundo, quando ainda estamos no primeiro dia da Criação”. E arremata: “Pretendo entrosar-me, sempre mais, com especialistas em Astronomia e em Astronáutica, em Astrofísica, em Astroquímica, em Astropolítica, para ajudar a trazer a Igreja de Cristo em dia com a marcha do sonho número três”. Eis, portanto, um estímulo e exemplo para o diálogo que devemos ajudar a construir entre religiões e ciências!
 
 
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E, bem a propósito desse diálogo, já aproveitamos para situar a próxima enquete do blog: proibir sacrifícios de animais em rituais... É uma falta de compreensão das culturas religiosas e do caráter sagrado das oferendas ou a fronteira entre o animal e o humano é muito tênue e não temos direito de sacrificar outros pelas nossas crenças?! A questão vem sendo colocada na Europa, onde o Parlamento holandês aprovou, em 27 de junho passado, uma lei que proíbe o sacrifício de animais em rituais. Suécia, Noruega, Áustria, Estônia e Suíça, também contam com leis que proíbem este tipo de práticas. Com a onda politicamente correta de defesa dos Direitos Humanos, mas também dos Animais, essa é uma discussão que vai acabar viajando pelo mundo globalizado.
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Aqui, entre nós, a discussão interessa mais diretamente às religiões tradicionais, de matrizes indígenas e africanas, mas na Europa a questão é com rituais muçulmanos e judaicos, onde os animais são degolados e dessangrados (sem anestesia como nos matodouros), para se obter a carne halal para os muçulmanos e a carne kosher para os judeus. De acordo com especialistas, cerca de dois milhões de animais são sacrificados anualmente em rituais, somente na Holanda - onde foi aprovado o projeto da lei de proibição, apresentado pelo Partido para os Animais (que possui duas cadeiras no Parlamento) e que vinha sendo muito debatido, porque até cristãos defendiam que a proposta era contrária ao direito constitucional que protege a liberdade religiosa. No fim, foi feita uma emenda que ainda permite às organizações muçulmanas e judaicas realizar sacrifícios caso demonstrem "cientificamente" que seu método causa menos dor ao animal do que as formas "regulares" de sacrifício para abate...
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E você, o que pensa dos sacrifícios rituais de animais? Por quê?!
Pode deixar o seu comentário abaixo e/ou votar na enquete embaixo da coluna à esquerda...
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Veja os comentários das nossas outras enquetes:
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ps.: nos próximos 15 dias as postagens serão esparsas porque estaremos de férias!!!

6 comentários:

  1. Olá chefe, como alguém pode pensar que Deus está interesado em sacrifício de animais?
    Não importa se é legitimado pela Torá ou pelo Corão.
    No passado era fruto da ignorância, atualmente é para manter a tradição e "impressionar os fièis".
    Manoel Mendonça.

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  2. oxe, que doidice!
    como pode misturar a aposta científica em vida noutros planetas...
    com a matança de animais no planeta terra, em nome do criador?!
    Armando Soares.

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  3. É o seguinte: nossos orixás nos dão de comer, nos dão as dádivas da natureza, nos dão o axé, a força da vida. Então é normal que a gente ofereça, como agradecimento, as vísceras dos animais de sua predileção, junto aos seus assentamentos sagrados. E as carnes são cozidas e compartilhadas entre os seus filhos e convidados. É uma tradição familiar, que remonta aos antepassados! Quando surgiu, todo bicho era morto assim mesmo para consumo... Agora, se a forma de abate hoje é mais "humanizada" talvez a gente possa rever a forma, mas não o princípio do sacrifício, que é um modo digno de relação com o sagrado. Afinal, mesmo quem é vegetariano mata animais pra poder fazer a sua agricultura. A questão é a proporção e a relação, porque não há vida que não se tire da vida (ou morte!). Axé pra vocês!
    Juana Andrade - Belo Horizonte.

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  4. toda religião tem sacrifício. O padre não diz o santo sacrifício da missa, né? lá ele diz que sacrifica jesus pra livrar o pecado dos seus adeptos. No candomblé a gente sacrifica um animal pra agradar o orixá e alcançar poder e axé! quem é mais desumano?! digaí.

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  5. No que tange ao Poder Judiciário, vale registrar duas decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal. No Recurso Extraordinário nº 153.531-8-SC, o STF julgou a nefasta prática intitulada farra do boi, que mais apropriadamente seria denominada farra com o boi, pois o animal, a toda prova, não se diverte – e é muito espantoso que algum humano se divirta (lazer) com tal ato ignóbil –, ao contrário sofre, é lesionado (com pedras, facas, paus, queimaduras), morto, fere a Constituição. Apesar da proibição, o funesto costume, que habitualmente tem ocasião na época da Semana Santa – nada mais contraditório – continua a acontecer. Na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.856-RJ, o Supremo declarou a inconstitucionalidade da lei do Rio de Janeiro que regularizava a rinha de galo, outra prática lúgubre, sombria. O preceito constitucional de finco é o art. 225, § 1º, VII.[3] Atualmente, aguarda julgamento, no STF, o Recurso Extraordinário nº 494.601-RS, que impugna lei do Rio Grande do Sul que autoriza o sacrifício de animais não-humanos em nome da liberdade de culto. Conforme visto adiante, marque-se, desde já, espera-se que a citada lei seja declarada inválida.
    Veja mais: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3174

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  6. A respeito dos rituais realizados em prol de times de futebol, Manoel Papai explica que não defende esse tipo de prática. Em seu terreiro, o Sítio de Pai Adão, a única casa ortodoxa de culto nagô em Pernambuco, é proibido fazer esse tipo de ritual, pois segundo ele isso é algo que mexe com a vaidade das pessoas. "Não aceitamos esse tipo de trabalho, estamos aqui pra adorar orixás e cuidar da saúde e da felicidade do povo e não pra se envolver com a vaidade", diz...

    http://ne10.uol.com.br/canal/esportes/futebol/noticia/2011/08/24/pai-de-santo-diz-que-exu-nao-traz-azar-e-desaprova-rituais-que-ligam-o-candomble-ao-futebol-292760.php

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