19 de nov. de 2010

HUMOR PARA O DIÁLOGO

Nesses dias a Fliporto deixou Olinda ainda mais linda, confraternizando os amantes das ideias e dos livros (virtuais também!) em torno da temática da presença judaica em nossas terras. Entre muitos encontros bonitos de pessoas e de palavras, um foi especialmente tocante: o provocado pela aparição de Daniel Azulay - um sujeito que multiplica as letras com os seus desenhos! E ele já começou fazendo um milagre, de cara, ao mostrar semblante igualzinho ao que a gente via na TV quando era menino - como pode?!

Ao longo de mais de 40 anos de carreira, Daniel Azulay se notabilizou como um artista influente. Ao apresentar programas de televisão educativos, dirigidos ao público infantil, durante quase duas décadas em rede nacional, ele se tornou uma figura ligada à memória afetiva dos brasileiros: a Fliporto foi a vez, então, da gente apresentar os filhos pro Daniel, que fez show de desenhos com a meninada - e fez a gente sentir-se criança novamente!

Vale lembrar, todavia, que antes de se dedicar às crianças Azulay atuou como ilustrador em jornais como O Sol, Pasquim, Última Hora e Correio da Manhã. Porém, o mais inusitado agora foi descobrir, em exposição no Mercado da Ribeira, que ele, em 1974, aos 25 anos, lançou uma obra prima: o álbum "Jerusalém - Desenhos de Humor".

É que ele era tenista amador e, em 1969, viajou pela primeira vez a Israel para a Olimpíada Judaica. Encantado com a multiplicidade cultural de Jerusalém, capital religiosa de vários credos, em seus momentos livres, nessa estada de 13 dias, rascunhou situações engraçadas e reflexivas envolvendo rabinos, padres greco-ortodoxos, freiras, árabes, mouros, cristãos e muçulmanos.

Começou a criar assim uma crônica ecumênica de costumes do Oriente Médio. Quando a série virou livro, foi até considerada por Carlos Drummond de Andrade um libelo pela paz. A Fliporto, na Casa Brasil que aportou na Ribeira, expôs os principais desenhos desse livro - dentre os quais compartilhamos carinhosamente estes (e que sirvam para nos lembrar que "sério é o Diabo" e que o humor é um bom começo para destravar o diálogo numa terra que vive em guerra, apesar de gritar paz, shalom, salamaleico...):




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